continuação do artigo anterior…..
Além das verduras e legumes fresquinhos e cultivados sem qualquer agrotóxico, que poderiam ser adquiridos na porta de casa, miúdos de boi tipo: bucho, fígado, miolo, língua, rabada, etc, também fresquinhos, diretamente do matadouro municipal, poderiam ser comprados sem precisar ir ao açougue. Era só ouvir o som do pequeno berrante do Sr. Joanim anunciando a chegada da carroça do bucheiro.
Para amolar facas, canivetes, alicates e tesouras, bastava esperar o amolador passar na rua, o que era muito comum ao menos uma vez por mês. O barulho da matraca anunciava que o biju crocante de farinha de trigo(tal como é hoje) estava chegando. Ao ouvir o som inconfundível da gaiata de sorveteiro, tão raro nos dias atuais, era a certeza que o carrinho de picolés da Cedal, a mais tradicional da cidade, estava passando na rua.
Garrafeiroooooooooo era o grito tradicional de um senhor praticamente cego que percorria as ruas da cidade empurrando um carrinho de mão comprando e recolhendo garrafas vazias. Ah, e tinha ainda as telefonistas que, sem elas não era possível fazer ligações interurbanas e falar com outras cidades do estado ou fora dele.
Em nossa cidade, a central da Telefonica Nacional Ltda. contava com uma dezena delas e o serviço funcionava 24 horas. Cada cidade possuía uma central e nas capitais ocupavam imensos prédios. Lavadeiras, tintureiros, alfaiates, sapateiros, engraxates, padeiros(entregadores de pães), leiteiros, verdureiros, bucheiros, garrafeiros, telefonistas, dentre outras, são profissões que despareceram ou estão a caminho disso.
E de acordo com uma análise divulgada recentemente e realizada pela consultoria Ernst & Young, com base em diversos estudos, até 2025 um em cada três postos de trabalho devem ser substituídos por tecnologia inteligente. Em nove anos, há previsão da possível extinção de profissões operacionais, como operador de telemarketing, caixa e árbitros, e uma maior demanda por carreiras que lidem diretamente com tecnologia de ponta, como designer especializado em impressão 3D e designer de realidade virtual.
A evolução é capaz de aniquilar profissões e fazer surgirem outras, assim sempre será. Mas, se tem o lado de proporcionar agilização e benefícios, tem como efeito colateral o distanciamento, cada vez maior, das relações interpessoais tão importantes e indispensáveis para a vida em sociedade.
Os mais nostálgicos certamente tem saudade daquela roupa feita sob medida e, quando necessário, lavada na tinturaria da esquina; do leite puro e quente junto com pão fresquinho com manteiga indispensável no café da manhã; do sapato brilhando engraxado na esquina; das verduras e legumes frescos naturalmente orgânicos; do biju crocante e do sorvete cremoso da Cedal.
Num futuro não muito distante a atual geração sentirá saudade do muito que existe hoje, principalmente eletrônico e digital – a evolução pode ser lenta ou relâmpago, mas é inexorável. Essa é uma verdade inevitável!
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