A serie Paisagens lúdicas, de Meg Gerhardt, pode ser lida como uma grande metáfora épica de uma jornada interior. Nesse sentido, os barquinhos de papel que surgem com técnica mista em suas telas constituem um campo simbólico vinculado a possíveis metamorfoses.
Se, por um lado, as figuras aludem a jornadas de mudança de lugar ou de estado emocional, as formas e cores criam dinâmicas visuais em que os gestos do ato de criação pontuam um fazer que cria instâncias existenciais de encontros/desencontros de cada um consigo mesmo, com a sociedade, com a natureza e com o universo.
O conjunto de imagens constitui uma orquestração de percepções que estabelece uma atmosfera de fantasia que leva a desenvolver, no olhar do observador, um mundo de jogos em que cada barquinho se torna uma pessoa, uma palavra ou mesmo um sentimento perante o que está dentro e fora do ser humano.
O trabalho se posiciona em um lugar imaginário além da técnica. Constitui um território em que é instaurada uma poética linguagem visual em que ocorre a possibilidade de descoberta e de despertar para uma simbólica realidade transformadora que está além das aparências, na procura sem volta das essências do existir.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.