A estrutura visual proposta por André Luiz evoca uma reflexão sobre a questão social a partir de diversas forças perceptivas que surgem nos elementos que podem ser analisados isoladamente ou no todo. Existem assim fisicalidades propostas, como o banco vazio ou o cão, fiel companheiro dos sem-quase nada.
No entanto, é nas ausências que a obra parece ganhar sua maior significação. É justamente o corpo que não está visível na imagem apresentada que perde a dignidade, caindo no silêncio da naturalização dos abismos existenciais, da indiferença cotidiana e da invisibilidade permanente.

impressão 3D em resina, tinta óleo, papelão, algodão, MDF e acrílico – 12 x 21 X 14 cm
Portanto, perante aquilo que se vê surge algo mais importante, que está além do estético e faz surgir o ético, os aspectos psicológicos dos seres que sobrevivem no centro da metrópole paulista ou de outras grandes cidades. É assim que a exploração ativa que o observador faz do espaço proposto por André Luiz cria feridas.
O artista expõe chagas sociais. As relações entre os elementos apresentados projetam miséria e solidão em uma perspectiva que passa pelo intelecto, mas ganha mais potência interpretativa quando entendida como conceito de pessoas que vivem em um vácuo em que o passado é ignorado, o presente não é visto e o futuro parece inexistir.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta)
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.