Uma das principais metáforas visuais das obras de Nestor Lampros está nas cabeças. Elas podem aparecer de maneira explícita, com olhos esbugalhados, abertas ou sugeridas em explosões de cor. O essencial não está em vê-las, mas em senti-las como uivos internos de um gerar de ideias.
As tonalidades geralmente elevadas apresentam um universo visceral de emoções e percepções em que o ato de fazer surge como a ação de um dínamo em que há a sensibilidade humana aliada a um desejo sobrenatural de transformar pensamentos em imagens.

acrílica sobre painel, 2024. – A obra está na exposição “Fases do Delírio”,
na Ata Cultural, em Atibaia, SP
Os resultados são concepções, tanto figurativas como abstratas, de um fazer radiante. Não se trata de buscar uma beleza dentro de padrões acadêmicos, mas de perceber a potência de um processo em que a tragédia do existir caminha ao lado da resiliência do viver e da persistência do renascer.
Existe, por meio das formas e cores, embates visuais que ocorrem no crânio de cada um e que se esparramam pelos olhos como se fossem janelas que permitem ao observador penetrar nas paredes mentais do quarto criativo do artista, onde convivem simbólicas paredes descascadas com a nudez de corpos e almas.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.