Depois da Odebrecht, mais um empresário acusa Michel Temer de ter dado a aval a repasse de propina para financiamento de campanhas do PMDB.
Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas, disse a procuradores em Brasília ter se encontrado com Temer após um acerto com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo reportagem do Globo veiculada neste domingo 11.
Constantino relatou que o peemedebista avalizou uma contribuição ilegal de R$ 10 milhões de suas empresas a políticos do PMDB e a campanhas em 2012, quando era vice-presidente da República.
Cunha, porém, não teria falado em propina na presença de Temer, segundo o empresário, e sim sobre o compromisso do seu grupo de empresas de apoiar o partido e o grupo político do vice-presidente. Segundo Constantino, isso foi entendido como uma forma de avalizar os pagamentos.
O ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) também teria participado do encontro, que não foi registrado na agenda oficial de Temer. Questionado pelo Globo, o Planalto não respondeu se Temer se encontrou realmente com Constantino nem por que a reunião não teria sido colocada na agenda. Disse apenas “jamais saber que Eduardo Cunha tenha feito qualquer tipo de acordo com Henrique Constantino”.
De acordo com Constantino, os R$ 10 milhões teriam sido pagos depois do encontro. Em contrapartida, o Grupo Comporte, que pertence à família Constantino, teria uma série de solicitações atendidas pelo governo federal.
O empresário, que tenta fechar acordo de delação premiada na Lava Jato, é investigado por conta de um empréstimo feito por uma das empresas de sua família junto à Caixa Econômica Federal. Se firmar o acordo de delação, ele promete entregar irregularidades no setor da aviação civil, envolvendo ministros e parlamentares.
Antes da Gol, a Odebrecht já havia denunciado, em delação premiada na Lava Jato, ter participado de reunião com Temer para acertar o repasse de US$ 40 milhões em propina a campanhas do PMDB em 2010, entre elas a do próprio Temer, que concorria à vice-presidência.