As fotografias de Elisa Murgel apresentam uma Paraty diferente. Escapam da materialidade geográfica que mostra um território conhecido e convidam a mergulhar em territorialidades a serem apreendidas. São visões a caracterizar e a organizar o espaço que fogem do convencional.
As relações cotidianas de cada pessoa com a cidade ganham assim outras dimensões. Surge um convite para ver o dia a dia como um espaço que estimula a pensar o entorno dentro de novas e múltiplas possibilidades individuais e coletivas. O olhar da fotógrafa torna-se então uma ação a desvendar mundos de inversões e avessos.
Pela imagem, a artista se apropria de um território, Paraty, e o apresenta simbolicamente com marcas de identificação e pertencimento, pois, pelos jogos entre a água, o piso e o céu, surgem diálogos que revisitam relações cotidianas e as colocam em novas perspectivas.
O espaço ganha novos sentidos e valores. É perdida a função pragmática cotidiana para mergulhar no campo estético e artístico. A cidade surge invertida, virada pelo avesso. O escondido é revelado; e vice-versa. O conhecido surge diferente e um novo território, a ser desvendado pelo público, é mostrado. Assim, a fotografia reinventa a cidade e estimula o observador a rever as suas visões de mundo.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.