O ator Al Pacino será homenageado com a mostra “Pacino” no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo, entre 6 de julho e 18 de agosto. A mostra já passou pelo CCBB RJ e também estará em cartaz no CCBB de Brasília. A programação contará com 24 longas, um debate com o curador Paulo Santos e um curso sobre a história da atuação no cinema (com duração de 6 horas no total), que contemplará o método moderno de atuação nos Estados Unidos (EUA), onde se formou Al Pacino. Na seleção de títulos da mostra estão alguns de seus trabalhos mais cultuados, como Perfume de Mulher, que lhe rendeu um Oscar em 1993.
Um de seus filmes mais significativos é “O irlandês”, de Martin Scorsese, que conta, além de Pacino, com os intérpretes Joe Pesci e Robert de Niro, respectivamente no papel de um sindicalista, o célebre Jimmy Hoffa; um líder da Máfia; e um assassino.
As relações de poder entre os três ganham diversas conotações e temperaturas durante o filme. Fica evidente que, mesmo no competitivo mundo da Máfia, o equilíbrio emocional é importante. Pesci interpreta o líder calmo que evita o uso da violência até o último momento, mas, quando assim decide, sua postura é fria e definitiva.
Cabe a Robert de Niro o papel do caminhoneiro que ingressa no mundo da máfia como transportador de carnes, passando para a esfera sindical e para a ação como matador profissional e guarda-costas de confiança de Jimmy Hoffa, o maior líder da categoria e perseguido pelo clã Kennedy.
Pacino dá ao líder Hoffa a coloratura de um personagem operístico, que oscila entre o histriônico populista e o delicado admirador de crianças e da esposa. Sua obsessão pelo poder leva a uma morte até hoje não esclarecida. Ele simplesmente desapareceu não se sabe como, e seu corpo nunca foi encontrado
O saldo de toda essa jornada é violento e sanguinário, mas também humano. Cada personagem tem suas motivações e arrependimentos. Muito mais que julgar, o filme expõe situações, intolerâncias e relações caracterizadas pelos laços com o poder e de amizade. Os intolerantes com as diferenças, nesse contexto, são mais rapidamente exterminados.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.