15 anos forever

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Aos 15 anos ficava “horas” frente ao espelho escolhendo como seria melhor pentear os cabelos: como os Beatles? Ou como o Roberto Carlos? Agora, simplesmente “me” penteio (?).

Aos 15 anos afastei-me dos meus amigos de futebol e me aproximei dos meus amigos da música; o Manolo deu lugar ao Mané Guitarra. Agora, meus amigos me chamam simplesmente …Mané.

Aos 15 anos eu desenhava as roupas que usava, e uma costureira vinha em minha casa fazê-las; criei o cinturão vermelho e botas de duas cores com fivela. E nunca, jamais, em hipótese alguma fiz isso para protestar ou desafiar os adultos, era simplesmente porque me sentia “o próprio”. Hoje, bermuda, camiseta e chinelos de dedos para ficar em casa; para sair  o que as convenções determinam.

Aos 15 anos eu valorizava um ser humano adulto, acreditava nos profissionais, todos tinham a minha maior admiração, e põe admiração aí. Agora, com 40 anos de medicina na alma, acredito e admiro alguém “nas” profissões, mas tenho pena, medo e desconfiança da maioria absoluta de todos os “profissionais”.

Aos 15 anos eu acreditava que uma pessoa de 50 anos era velha, agora não acho “nada”, nem em relação á pessoa de 50 e nem em relação á pessoa de 15; e você sabe que nada não existe, certo?

Aos 15 anos pensava que as crianças cresciam e se tornavam adultas, hoje acredito que elas crescem e se adulteram.

Aos 15 anos eu não entendia bem o que era um casamento, via na família a missão mais sublime do ser humano.

Agora, casamento não me diz nada,(e nada não existe), e sei que nenhuma missão sublime existe nesse “negócio”.

Mas continuo acreditando que a família é a missão maior do ser humano.

Aos 15 anos acreditava que as pessoas que governavam o mundo eram sérias, honestas e comprometidas com o “universo”. Agora tenho absoluta convicção que desgovernam o mundo e $ó e$tão comprometida$ com ela$ me$ma$.

Aos 15 anos as leis para mim eram o que havia de “certo”, e a justiça o resultado mais justo dessa “ordem”. Agora, acredito que as leis sejam a maior máscara do disfarce mais perigoso e tendencioso que existe, e a injustiça a consequência direta dessa engenhosa armação.

Aos 15 anos eu não pensava no futuro, apenas queria tocar com a minha banda, ouvir música, viver cada momento; não tinha medo de nada, era inocente e alegre feito um beatnickonsphlaulticomaniatico da vida. Agora eu penso que o futuro depende de hoje, e que o hoje está perdido no tempo e no espaço virtual, tanto dos neurônios quanto das telinhas. Paradoxalmente, continuo apaixonado pelo ser humano, mas tenho muito medo da sociedade.

Aos 15 anos eu vivia com meus pais e irmãos, minha mãe tinha 41 anos e minha irmã caçula 6. Agora meu pais moram no céu, eu estou com 65 anos e a minha irmã caçula com 55 anos. O bom de tudo isso é que tenho orgulho de minha família toda, meus tios e tias são meus heróis, meus amigos são fantásticos (conseguem me tolerar), tenho família, sinto-me querido pelas pessoas que amo, me considero um privilegiado nesta vida, e tenho uma esposa que nem aos 15 anos e mesmo agora aos 65 acredito que exista.

Hoje, mais um paradoxo, apesar de ter mudado muito continuo o mesmo, inocente e querendo ser bom; acredito no bem: 15 anos forever.