Denomina-se Via Sacra ou “Via Crucis”, termo originário do latim que significa “Caminho da Cruz”, o trajeto percorrido por Jesus carregando a cruz desde o Pretório de Pôncio Pilatos, onde é condenado à morte, até ao Monte Calvário, onde faleceu. Essa prática devocional, vinculada à Quaresma, teve origem na época das Cruzadas (séculos XI ao XIII). Desde então, os fiéis percorriam na Terra Santa, os lugares sagrados da Paixão de Cristo.
Para reproduzir no Ocidente, a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém, começaram a surgir representações pictóricas ou escultóricas. No século XVI, o número de estações (também chamadas de passos ou etapas) do percurso foi definido em 14, mas o Papa João Paulo II sugeriu que a cena da Ressurreição de Cristo fosse a 15ª , alertando para a importância desse momento dentro da doutrina cristã.
Dentro de uma perspectiva que fortalece as redes femininas de apoio, pensando o papel da Mulher não apenas no Nascimento de Jesus, por meio da Virgem Maria, mas também em outros episódios ligados à doutrina cristã, Maria Oliveira desenvolveu este projeto intitulado A Via Dolorosa de Cada Uma.
Trata-se de um conjunto de pinturas que toma a Via Sacra de Jesus na perspectiva das dores que afetam a condição de ser mulher na sociedade contemporânea, visto pelos cristãos como uma importante forma de meditação sobre a Paixão e a Morte de Jesus Cristo que, de alguma forma, repercute em todos os seres humanos, seja qual for a sua crença.
Significativamente, em 1João, 3:18, é dito: “Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade”. O texto bíblico vale para A Via Dolorosa de Cada Uma, que leva a mensagem da Via Crucis para a prática cotidiana da existência feminina. Suas imagens dão assim visualidade e expressão para a jornada existencial que a Via Crucis representa.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.