Um ser para a arte

Definir Tino Gomes como um compositor, cantor e ator certamente é muito pouco. Nenhum ser humano cabe apenas em categorias. A breve apresentação realizada dia 7/7/2023, no Centro Cultural Santo Amaro, em São Paulo, SP, dentro do projeto da exposição Catopezera: o som das cores”, da artista visual Monica Mendes mostra isso.

Informações sobre a cultura popular brasileira, principalmente a de Minas Gerais, foram entremeadas com músicas vinculadas a festas regionais. No entanto, o principal não está apenas no que foi dito, mas na forma. Há expressões que estão além da técnica. Entram em um universo inexplicável.

A voz e o corpo trouxeram saberes e sentires que são sabores de vivências. Não era apenas um ser humano que estava ali a se apresentar. As suas narrativas eram de todos nós. Aprendemos sobre nós mesmos e sobre a nossa incapacidade de absorver todo o mundo.

É essa fragilidade que fortalece a arte. Cantar e contar sobre tradições mineiras ultrapassa o regional quando é colocado, como foi na apresentação de Tino Gomes, sob uma perspectiva ampla. Ele falou dele mesmo e de todos nós. Isso é arte em uma perspectiva arquetípica e universal. O eu individual e o todo universal se mesclaram.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.