TRÂNSITO EM CATANDUVA

Os registros do DETRAN/IBGE   dão conta de que nossa cidade, em 2020,  contava com 111.414 veículos, sendo que destes,  61.579 são automóveis, caminhonetas e utilitários  e  32.418 motos e motonetas. Isso significa dizer que,  não se considerando os demais veículos(ônibus, caminhões, tratores, etc), 99.105 circulam pelas nossas ruas.

De cara,  dá para se perceber que são muitos veículos para a limitada área de circulação da região central da cidade onde praticamente se concentram todas as atividades econômicas e financeiras, tornando o trânsito caótico, principalmente no horário de rush(termo vetusto). Número de veículos à parte, o que se observa por aqui é que,  a falta de educação no trânsito é tão flagrante quanto contubérnio.

Em qualquer cidade grande, pra não dizer civilizada, se você acionar a seta para adentrar o leito carroçável, o condutor do veículo que está se aproximando respeita e permite que você manobre ou avance sem maiores problemas. Em Catanduva, além de não existir essa cultura, se você mora em prédio, sair com o  veículo para rua é um martírio – ninguém permite passagem e,  não raras vezes alguns condutores até aceleram para não dar a chance de você sair. Lamentável! Pouquíssimos também são os condutores que cumprem a lei permitindo que o pedestre atravesse tranquilamente na faixa demarcada no solo,  sem correr o risco de ser atropelado.

Mas, as barbáries não param por aí –  tem condutor(a) que fica passarinhando à sua frente trafegando a passos de tartaruga,  sem dar seta alguma para estacionar ou,  quando o faz,  não raras vezes, sinaliza para um lado e estaciona no outro. Com a pandemia e o desemprego, o número de motoboys circulando fazendo o trabalho de entrega de comida aumentou consideravelmente.

O problema  é que,  quase todos, com pouquíssimas exceções, andam em alta velocidade, avançam deliberadamente em esquinas, “costuram” no trânsito e, principalmente,  não respeitam o sinal vermelho, a tal ponto de serem raros os que aguardam o sinal abrir. As demais  motos,  de um modo geral,  são não muito diferentes. Muitas circulam com escapamento modificado para aumentar o barulho, apesar da proibição prevista no artigo 230, inciso VII do Código Brasileiro de Trânsito e são estacionadas fora dos inúmeros locais demarcados  para elas.

O que causa mais indignação é que, se automóvel estacionar em local de moto é multado, contudo, se a moto estacionar em local reservado aos automóveis nada acontece. Um acinte!!!  E,  tudo contando com os beneplácitos das nossas autoridades de trânsito, GCM,  inclusive que,  nunca são vistos patrulhando o centro da cidade em horário nenhum.  Outro fator negativo é a formatação de nossas ruas da região central. Em qualquer cidade moderna o conceito de ruas e avenidas  é para a  circulação de pessoas e veículos e não para estacionar.

Algumas capitais, além do rodizio de veículos, instituíram até pedágio.  Pois bem,  como as nossas ruas são estreitas,  a liberação para estacionamento dos dois lados da rua só permite a circulação de um veículo por vez, ainda que as faixas sinalizem a possibilidade de dois veículos transitarem simultaneamente, embora só caibam dois carrinhos de pipoca nelas. Aqui vai uma dica de quem não é nenhum expert em trânsito, mas mora e trabalha no centro,  sofre com ele e tem bom senso – porque não limitar estacionamento somente de um lado das ruas Ceará, 13 de Maio, Pará, Amazonas, e algumas das principais travessas dessas ruas, inclusive o quarteirão da Rua Bahia entre Brasil e Maranhão?

Ah, e tem ainda os carros de som que são um caso à parte – agridem os tímpanos, tiram o sossego de quem vive ou trabalha no centro, trafegam lentamente, transgridem a legislação municipal(que, infelizmente, se omite em  fiscalizar) e nos faz lembrar, nesse aspecto, que nossa cidade não passa de uma província, pra não dizer uma corruptela do interior. Lamentável! E, como província que, em alguns aspectos  ainda é,   faz lembrar o serviço de autofalante que era ouvido na Praça da República, Praça 9 de Júlio e Parque das Américas até o final dos anos oitenta e que era irradiado a partir das 19 horas de uma pequena sala na rua Alagoas, próxima ao cine Bandeirantes, com músicas e anúncios (Casa Facci, A Elegante, Casa Progresso, Diacal, Irineu Despachante, dentre outros), tendo como prefixo a música “Summer Place”,  tema do filme “Amores Clandestinos”.

Nostalgia à parte, o fato é que, com o aumento do número de veículos, sem a necessária e básica educação dos condutores e, principalmente, sem fiscalização e sem medidas administrativas eficazes do poder público, o trânsito da área central tende a ficar cada vez mais complicado. Quem (sobre)viver, verá!      

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