Smarticomaníacos

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Acabo de voltar dos Estados Unidos com minha esposa Gisele, e o destaque da viagem foi minha sogra (com seu tablet) de sua casa em Catanduva acompanhar toda a viagem “ao vivo e a cores”. Gisele e ela se conectavam já no café da manhã no hotel, depois, do carro ela via a estrada e o tempo, e durante os passeios, locais bonitos, coisas interessantes, etc.. Antes de deitar-se Gisele assistia sua novela, abria seus e-mails, organizava seu site, entrava no FACE, tudo num simples toque na tela de seu Smartphone (“smart”). Ao chegarmos aos Estados Unidos colocamos um chip pré-pago (U$100,00) que nos permitiu tudo isso (e muito mais) por 30 dias.

Numa calçada de Atlanta tem uma enorme pedra fixa em uma plataforma de aço (que pode ser girada por um Mané); este Mané a girou, a esposa filmou no “smart” e de imediato colocou no “FACE”; centenas de “amigos” viram e comentaram antes que a pedra parasse de girar.

Fã dos avanços tecnológicos ressalto: “dependendo do uso, a tecnologia pode ser “do bem”, ou “do mal”. Ontem o jovem ao completar 18 anos sonhava “tirar carta” de motorista, hoje sonha trocar seu smartphone por um mais moderno, pois o seu já tem seis meses, está “purf” (por fora/obsoleto).

Os “smarticomaníacos” usam o “smart” como relógio, despertador, agenda, computador (e-mails, FACE BOOK, internet, Google, assistir filmes, fazer operações bancárias, etc.), para pedir um taxi, uma pizza, fotografar, filmar, até para… falar. Usam N aplicativos (whatsApp, Skype, Waze, Cloudmagic, Financisto, Evernote, Google Translate, Duolingo, WisePOS, GPS e muitos outros); todos excelentes.

O “smart” a cada dia se especializa em conhecer mais e mais seu usuário, para facilitar sua vida; logo comandará o usuário, os seus contatos, sem que isso seja percebido. A indústria diz: com toda segurança e privacidade”, mas, se ele (smart) sabe tudo da pessoa, seus hábitos, amigos, preferências, essa segurança e privacidade estão em uma nuvem cibernética á disposição de quem souber usar a tecnologia. Aparelho pequeno e leve, visual limpo e colorido, pode ser levado em um bolso e usado em todo lugar, com inteligência interna e design orientado para combinar com seu modo de vida, o coloca (mantém) “on line 24 horas”, sem distâncias, sem filas de espera, sem gente reclamando, “na boa”.

Esse é o lado “do bem”, mas, ao mesmo tempo “você” não sentirá mais necessidade de uma pessoa de carne e osso do seu lado, inclusive, ela poderá até o atrapalhar. É comum vermos em restaurante pessoas juntas, mas com a atenção no “smart”; no teatro e no cinema “assistindo”, mas sem desviar a atenção do “smart”; pessoas receberem ou fazerem visitas com o “smart” na mão, caminhando com o “smart” na mão, e em todos os contextos, inclusive dirigindo e trabalhando. Casais assistem televisão juntos, cada um com seu “smart” na mão, no comando de suas vidas, pensando estar se distraindo.

Antes de dormir aquela última checada no “smart” irá influenciar o seu sono, e o seu amanhã (a melatonina, hormônio natural que induz ao sono é afetada pela claridade da tela do “smart”). Muitos perdem o sono, então, passam mais algumas horas no “smart”. O cérebro do “smarticomaníaco” não desliga, não percebe que existem momentos para descansar, relaxar, dormir; isso lhe trará consequências físicas e psicológicas.

Já existem núcleos de orientação psicológica para “tratar” a dependência desses aparelhos, maravilhosos, mas que mal usados como estão sendo, poderão ser o estopim e a bomba do início do final da interação humana face a face e até consigo mesmo; quando me perguntam se estou me sentindo só respondo:não, é muito pior, eu prefiro ficar só.

É urgente que pais, professores, todos nós, fiquemos alertas sobre os problemas causados pelo , coloquemos “a mão na consciência”, façamos reflexões, pesquisas a respeito (pode ser pelo “smart”, ele não morde) e cuidemos para que o avanço tecnológico seja para o bem, e não para o mal.