Serenata no Asilo: Momentos Inesquecíveis

No asilo conhecido por suas histórias e personagens marcantes, a trupe da “Serenata & Cia.” chegou num fim de tarde de abril de 2018. O ambiente era acolhedor, com as paredes decoradas com fotos antigas e lembranças de vidas preenchidas e outras esquecidas.

Fredi Jon e o trio, entraram com “Carinhoso”, de Pixinguinha. A música, cheia de afeto e nostalgia, parecia abraçar cada um dos residentes, trazendo à tona memórias de amores antigos e momentos inesquecíveis. Alguns olhos brilhavam com lágrimas silenciosas, enquanto outros sorriam, deixando-se levar pela melodia.

Foi então que Dona Cecília, uma senhora de 92 anos, conhecida por sua sabedoria e bom humor, levantou-se lentamente de sua cadeira. Ela se aproximou da trupe e, com um gesto suave, pediu para cantar junto. Sua voz, ainda firme apesar da idade, ecoou pelo salão, trazendo um silêncio reverente. Ao terminar a música, ela contou que “Carinhoso” havia sido a canção que seu falecido marido cantava para ela todas as noites antes de dormir. O salão inteiro ficou em silêncio, absorvendo a profundidade daquele momento.

A serenata continuou, e a trupe foi surpreendida por Seu José, um senhor de espírito jovem, que pediu para tocar “Tico-Tico no Fubá”. Ele pegou o pandeiro e começou a tocar, enquanto os outros residentes o acompanhavam com palmas e risos. A cena virou uma festa improvisada, onde o ritmo tomou conta do lugar e os sorrisos se espalharam como fogo.

Mas o momento mais emocionante aconteceu quando a trupe começou a tocar “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Dona Lúcia, que até então estava quieta em seu canto, levantou-se e começou a dançar com uma elegância que surpreendeu a todos. Com passos suaves e precisos, ela parecia flutuar pelo salão. Aos poucos, outros se juntaram a ela, e logo o salão inteiro estava em movimento, como se a música tivesse devolvido a juventude àquelas almas.

Quando a música terminou, todos se abraçaram, alguns rindo, outros chorando. Foi um momento de união, onde cada um dos presentes se sentiu profundamente conectado, não só pela música, mas pela partilha de histórias, lembranças e emoções.

A serenata terminou com todos cantando juntos “O Que É, O Que É?”, de Gonzaguinha. As vozes, apesar de não serem mais tão fortes, eram carregadas de emoção e alegria, ecoando pelos corredores do asilo. A trupe, ao se despedir, sabia que tinha participado de algo muito maior do que uma simples apresentação. Eles haviam testemunhado a força do espírito humano, a beleza das memórias e a capacidade infinita do amor de unir as pessoas, independentemente do tempo. È a força da canção e o poder da serenata fazendo a diferença.   

  Texto Fredi Jon. Outras histórias você encontra no MINUTO Serenata disponível no site: serenataecia.com.br e no YouTube