É muito bom ter um passado bom, cheio de lembranças boas, daquelas que muito mais do que nos fazerem sentir saudades nos fazem sentir felicidade, nos seduzem, aumentam a auto estima, o prazer de viver, e mostram mil motivos para agradecer por tudo que esta vida nos proporcionou.
A nossa mente “vive” 70% do tempo no passado, 25% no futuro e apenas 5% do tempo no presente; isso é normal, não é patológico, é funcional. Isso não tem nada a ver com sentir saudades, inclusive porque quando sentimos saudades o fazemos no presente.
Nada dura para sempre da mesma forma, nem aquilo que aconteceu, pois mesmo que estejamos assistindo a um filme absolutamente fiel, sem nenhuma alteração, ou vendo uma foto, não é o que vemos que dá significado, e sim o que pensamos e sentimos quando assistimos o filme ou vemos a foto, e isso muda a cada vez. Imagine então quando o filme ou a foto estão gravados apenas em nossa mente, a cada vez as mudanças são maiores.
Hoje, aos 66 anos, festas, natal, ano novo, velório, amizade, religião, tudo é diferente e está em constante evolução (mudanças); até mesmo minha relação com os Beatles e com a música.
E o meu passado é bom, é maravilhoso, só tem lembranças boas, que marcaram minha vida e se tornaram referências que constroem junto com o que hoje vivo e com o que “sonho” para o amanhã, o meu senso de Manolo, Manuelito, Mané Guitarra, Manuel, Mané,….Eu.
Nunca nada foi como eu pensei que seria, quando pensei, mas sempre foi bom, e hoje, a cada “vez” fica ainda mais melhor de bom.
Mesmo o que eu sonhei fazer e não fiz, o que sonhei ter e não tive, o que “perdi”, me faz feliz, por mais triste que fique por momentos, e até chore, porque depois vem uma paz que é só paz; para mim o que ha de mais importante na vida:PAZ.
Aqui, lá, em qualquer lugar, homem de nenhum lugar, que muitas vezes não sabe o que quer nem onde, sei lá, basta uma canção e tudo se torna absolutamente coerente e faz o maior sentido.
Entrar em contato com lugares que nos marcaram muito, mesmo que não mudaram, os perceberemos diferentes (pois pensamos e sentimos diferentes, não somos os mesmos, esse é o maior paradoxo da vida: nós mesmos nunca mais seremos os mesmos, mesmo continuando a ser “os mesmos” .
Essa “crise” (esta escrita) é porque ontem estive em um enorme salão de um clube, que hoje, após muitas transformações mudou muito em suas dependências, mas ainda consigo me lembrar de como foram um dia, vejo muitas melhoras, adaptações aos novos tempos, as novas necessidades, e sinto sensações, pequenas, grandes, nenhuma, pois essas mudanças não aconteceram em dependências que tiveram uma importância tão “importante” para mim.
Mas ontem, “fiquei doidinho dentro da roupa”, porque entrei num espaço novo que tomou o lugar de um espaço eterno, após destruí-lo impiedosamente para assumir o seu espaço, não o seu lugar, pois o seu lugar existe dentro do meu coração, e aí só Deus consegue entrar.
Hoje tudo está diferente, demais da conta diferente, todos os meus amigos, todas as minhas lembranças, Catanduva, a minha vida, o mundo, pois o salão de bailes mais “da hora” que já existiu no universo deu lugar fisicamente a um enorme espaço gigantesco, vazio, sem alma, sem memória, sem sentido, sem graça, …doeu! está doendo! vai doer sempre!
Mas, entenda se quiser, por mais que “isso” mude vida em mim, não me tira a paz; porque não vivo de saudades, vivo de lembranças, e estas desde o desprazer de ontem, crescem a cada momento sem parar, cada vez mais vivas e bonitas, calando minha mente e abençoando o meu coração.
Em algum lugar do universo, além dos nossos corações, o antigo salão de baile do Clube de Tênis de Catanduva existe.
Leia abaixo o que Jayme escreveu à época.
http://portal.gnoticia.com.br/coluna-social-salao-do-tenis/