Raízes da linguagem visual

Como saber quando é a hora de parar um trabalho? Qual é o momento que ele está pronto? Essas perguntas, voltadas para a reflexão sobre o processo criativo permeiam as obras bi e tridimensionais da artista visual guatelmateca Sandra Monterroso (@sandra_monterroso).

Ao se observar as suas obras, existe uma espécie de clique que conecta a criadora, a criação realizada e o observador. Trata-se de um momento em que ocorre, em grande parte, pela maneira como a artista trabalha com suas cores e pigmentos naturais. Seus trabalhos não trazem a perfeição do acabado, mas a fascinante imperfeição do processo.

Composição em estado de calamidade, No.5, 2024 -Sandra Monterroso (@sandra_monterroso) – Tinta acrílica, carvão e pigmentos naturais (cochonilha, índigo, maclurina, urucum) sobre tela

Existe uma busca pela precisão na imperfeição humana do fazer. Desse modo, a subjetividade da abstração dialoga com o gesto da pincelada e com um fazer em que o assunto de suas criações é o próprio ato de criar, o que torna cada obra mágica. São exatas em sua delicada e sutil precisão.

As pesquisas visuais da artista trazem perplexidade no sentido de causarem estranhamento em uma perspectiva sutil e irônica. Falam de forma, cor, tempo e espaço, mas podem ser lidas como representações dor causada pela Covid 19, pela destruição da cultura maia, pela destruição da fauna e da flora ou pelos incêndios gerados pelo aquecimento global. O essencial, porém, está além dos temas, na consistente pesquisa realizada sobre as raízes das linguagens visuais utilizadas.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.