A obra traz representações de elementos essenciais na poética do artista: a coluna, o azulejo, o homem preto e a espada-de-são-jorge. Cada um deles apresenta uma maneira de conceber o mundo e, ao se articular com os outros, constitui uma declaração de intenções da criação proposta pelo artista.
Elemento arquitetônico, a coluna remete a concepções de suporte e de força, podendo ser considerada um “axis mundi”, ou seja, um eixo, centro do mundo, que constitui uma espécie de Árvore da Vida, a ligar a fecundidade da Terra com a sacralidade do Céu, instaurando um mundo harmonioso.
O artista é um dos fundadores, ao lado de José Maria Ferreira, do Ateliê Casarão (@ateliecasaraoipiranga), inaugurado em 14 de junho de 2024, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, SP.
Quem realmente sustenta os pilares da sociedade?, 2024
@paulodusanctus
óleo sobre tela – 100 x 70 cm
O azulejo, também relacionado com a construção civil, traz discussões sobre que histórias são contadas em suas pinturas, que apresentam elementos da natureza, crenças religiosas ou narrativas, sendo vistas pelo artista como elementos que encobrem as histórias que o Brasil não tinha interesse e ainda tem dificuldade de (re)conhecer.
Um dos objetivos visuais é descobrir aquilo que está atrás dos azulejos da colonização europeia. Daí a sua valorização do homem preto, relacionado com as memórias afetivas e a ancestralidade do próprio artista que discutem, em boa parte de sua obra, justamente a maneira como a História trata conceitos de heroísmo e de masculinidade.
Existe, portanto, a valorização do que mantém a sociedade em pé. A planta espada-de-são-jorge, de origem africana, funciona também como alusão a tradicionais amuletos, que servem como escudo para a casa de maus-olhados e atestam o compromisso do Paulo du’Sanctus de falar de si, do mundo e da natureza sob uma perspectiva universal.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.