Até o final de 2019 e, em toda a virada de cada ano, era muito comum emergir nos programas de entrevistas os adivinhos, futurólogos, pitonisas e astrólogos, lançando previsões, cada um com o seu método, desde quiromancia, búzios, cartas de tarô, bola de cristal, mapa astrológico ou mapa astral e muitos outros recursos histriônicos que rolam por aí.
A grande maioria – engenheiro de obra feita, ou seja, lança-se uma previsão no atacado do tipo “vai morrer alguém muito importante do meio artístico” ou “meio político” ou, ainda, “vai ter catástrofe em algum ponto do nosso país com mortes” para, depois colher no varejo e levar os louros da glória quando efetivamente sempre morre algum ator, cantor ou político(que em regra nenhuma falta faz), porque ninguém é imortal não é mesmo?
E, o que dizer das tragédias decorrentes das fortes chuvas que provocam desmoronamento ou desabamento com vítimas, que são comuns em nosso país? Futurologia sempre foi, desde os primórdios da civilização, um assunto místico e enigmático, mas nesse ano que mal se inicia não se viu um único mago botar a cara na TV para despejar as suas previsões. Pudera, depois de nenhum deles prever em 2019 a pandemia – embora houvesse sinais – verdadeiro elefante passeando abaixo dos olhos, as previsões caíram no descrédito e, por conta disso, os adivinhos tiveram que enfiar a viola no saco e sair de cena.
Nem por isso, os jornais mais populares deixaram de publicar diariamente o horóscopo que, segundo dizem, é sempre redigido por um foca(iniciante em jornalismo) ou aquele jornalista menos importante da redação. Adivinhos à parte, o fato é que teremos pela frente mais um ano de muitas incertezas e dificuldades. A única esperança é debelar o vírus com as vacinas que, bem ou mal, prometem minimizar o número de doentes e por consequência mitigar o número de mortos. Mas, não nos enganemos – ainda haverá muitas mortes vítimas da Covid-19.
Desgraças de uns, alegrias de outros. Enquanto muitas empresas estão quebrando, principalmente micros e pequenas, outras estarão nadando de braçadas num mar de dinheiro que, assim como o vírus, não tem pátria, cor e não respeita limites. Que o dizem os laboratórios que desenvolveram as vacinas e os fabricantes de seringas e agulhas. Como escreveu José Medina Pestana(Folha, pg. A3, 21/04/2020) – “Em estado de calamidade pública, o ótimo foi embora. E, para evitar o péssimo, é razoável ficar com o bom…”
(NR. Este artigo começou a ser escrito em dezembro, por isso retrata o clima de final de ano)
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