Trabalhar com o tridimensional é um convite a observar as peças sob uma perspectiva de 360 graus. Isso significa que toda reentrância passa a ter um valor especial quando concebida como um processo de ocupar o espaço e dialogar com ele como expressão interpretativa do mundo.
As obras de Regina Garbellini, portanto, são, de certo modo, percursos. Podem ser mais ou menos explícitos de acordo com a peça, mas apresentam visual e metaforicamente um caminho por entranhas. De certa maneira, há geralmente uma organicidade em que a referência não é direta a órgãos humanos, mas existem alusões a diversos deles.
A atitude artística é de quem entende a arte como um fenômeno comunicativo. Está-se, nessa perspectiva, a falar de si mesmo para o outro, de forma consciente ou não. O desafio é tornar o particular uma expressão universal. Trata-se de exercício permanente de levar um pensar para um resultado por meio de um fazer.
A artista torna assim a arte um campo de ação política no sentido de um refletir sobre o próprio corpo e os alheios como manifestações do existir. Pela modelagem, surgem novas manifestações do conhecido que levam a um desconhecido que obriga a olhar o que está dentro de cada um e no entorno de maneira questionadora.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.