Meteoro, 2021 Paulo Ito esferográfica, ecoline e acrílica sobre papel 29,6 x 21 cm
O casal observa o meteoro que está no canto superior esquerdo da obra. Existe um sutil jogo cromático em que o azul indicia a norte e a harmonia entre as figuras humanas. O astro surge como uma espécie de pedra vermelha com uma cauda amarela. Desperta logo a atenção e, segundo as mais variadas mitologias, traz inquietação. Ver fenômenos incomuns da natureza parece ter o poder de mobilizar a mente humana em busca de renovadas expressões de si mesmo e das próprias relações com o mundo conhecido e a desvendar
Projeto – O meteoro do amor
O relato acima está inserido no contexto de um projeto desenvolvido em Tuiuti, SP.
Contam que um buraco em forma de coração que está na Agrofloresta Monalisa, de Sandra Scavassa, naquela cidade, surgiu a partir de fragmentos de um meteoro que ali teria caído. Seja uma lenda, um mito ou uma fábula, o fato é que ali está um espaço a ser lido e interpretado por cientistas, religiosos, filósofos e artistas.
Este projeto é um chamamento para que o local ganhe o status de instalação coletiva. Cada pessoa pode encaminhar até três trabalhos, de materiais que suportem a intempérie ou interajam com ele. As obras com uma altura mínima de 1 metro, preferencialmente verticais, são colocadas sobre a superfície de terra com o mecanismo de sustentação pensado por cada artista.
A poética do projeto está em pensar que a luz dos meteoros, quando vista no céu, é o resultado da entrada de fragmentos de rocha, oriundos de corpos celestes, na atmosfera terrestre. Surge, portanto, uma luz no céu noturno a indicar, para alguns, que há uma luz no fim do túnel, sejam quais forem os desafios enfrentados.
Ver um meteoro, nesse contexto, é como amar. Sempre pode ser interpretado, dependendo da cultura e da situação, como um sinal de mudanças. O mesmo ocorre com a arte. Participar deste projeto é justamente uma forma de transformar-se internamente ao metamorfosear um espaço, com a força de um meteoro e do amor que cada um tem pelo universo, pela natureza, pela sociedade e por si mesmo.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.
Informações com Sandra Scavassa (11) 99935-9688 ou @sandracristinascavassa