Museu de Arte Primitivista ‘José Antônio da Silva’ completa 44 anos

Em 19 de julho de 1980, portanto, há 44 anos, ocorreu a inauguração do Museu de Arte Primitivista ‘José Antônio da Silva’ , com direção de Romildo Sant’Anna, em São José do Rio Preto, SP. É bom lembrar a data, pois há artistas que, com o passar dos anos, como ele, transformam-se em mitos.

Considerado um dos maiores artistas nacionais de matriz popular, a obra de Silva é marcada pela mescla do uso de tons quentes e diversas gamas de verde, além de numerosas soluções visuais surpreendentes para os mais variados temas.

Nascido em 1909, em Sales de Oliveira, SP, e falecido em São Paulo, em 1996, para onde se mudou após se aposentar do seu trabalho como funcionário público em São José do Rio Preto, foi pintor, desenhista e escritor, sempre com um estilo muito próprio, oriundo de um poder inato de comunicar as suas agonias e felicidades.

Mestre em retratar trabalhadores agrícolas, carros de boi, festas, jogos e procissões, filho de trabalhadores rurais, Silva frequentou a escola por poucos meses e ganhou a vida como lavrador durante muitos anos em diversas fazendas paulistas, exercendo ainda outras atividades, como benzedor, folião de reis e fiscal de eleições.

Silva participou da primeira Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, tendo recebido o Prêmio de Aquisição, em 1961, sob os auspícios do Museu de Arte Moderna de Nova York. Em 1966, recebeu uma sala especial na XXVII Bienal de Veneza, sendo aclamado pela sua espontaneidade e pelo talento em retratar a vida do interior paulista.

Ao longo de seu percurso, além de pintor, gravou um LP de músicas de sua autoria e escreveu três romances, todos ilustrados por ele – em que mistura fatos biográficos com episódios imaginários. Um deles, “Maria Clara”, foi prefaciado pelo célebre crítico literário Antonio Candido.

Silva mescla o ingênuo com o engajado. Encanta pela espontaneidade fundamentada na própria vivência e sensibilidade. Retrata assim o mundo rural de maneira como até então não havia sido vista na arte brasileira, introduzindo nela um elixir de criatividade e renovação não devidamente assimilado.

Oscar D’Ambrosio       @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista
, graduado em Letras, crítico de arte e curador.