Mostra lembra Anne Frank e Holocausto

Em cartaz na Unibes Cultural, na zona oeste de São Paulo, ao lado do metrô Sumaré, a exposição “Anne Frank: deixem-nos ser” recria o esconderijo feito pela menina alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Chamado de “anexo secreto”, o espaço ficava nos fundos do local de trabalho de Otto Frank, pai da garota, em Amsterdã. A família ficou escondida ali por dois anos.

Três dias depois de Anne escrever em seu diário pela última vez, em 1944, o lugar foi descoberto e todos os moradores foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. No ano seguinte, Anne e a irmã Margot faleceram de tifo no campo Bergen-Belsen, na Alemanha.

Os debates sobre verdades e mentira vêm ganhando cada vez mais espaço numa sociedade marcada pela chamada pós-verdade e pelo poder das redes sociais e da internet de disseminar tudo o que se possa imaginar. Nesse contexto, o filme ‘Negação’ (‘Denial’, de 2016), é simplesmente obrigatório para quem se debruça sobre o tema.

Dirigido por Mick Jackson, é baseado na obra de Deborah Lipstadt que dramatiza o caso Irving vs Penguin Books Ltd, no qual ela, estudiosa do Holocausto, foi processada pelo negacionista do massacre de judeus David Irving numa ação de difamação. Pelas leis inglesas, ela teve que provar que o autor manipulou evidências históricas.

Mais do que isso, Irving foi considerado antissemita e racista, o que o teria levado a distorcer a história sobre o papel de Hitler o Holocausto, retratando-o de forma favorável. O processo, assim como o filme, mostra a diferença entre liberdade de expressão e de opinião e interpretações mentirosas e deturpadoras da realidade para fins próprios.

O filme trata-se de uma referência para um melhor entendimento também do funcionamento dos tribunais e de como a lógica é mais importante do que a emoção em certas ocasiões formais e burocráticas. Uma estratégia muito bem elaborada foi fundamental para que os fatos históricos fossem colocados na sua dimensão e lugar, por mais assustador que isso seja. Afinal, lembrar é preciso para nunca repetir.

Oscar D’Ambrosio     @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.