A obra de Antonio Obá (Ceilândia, DF, 1983) é um mergulho na ancestralidade. A exposição “Revoada”, na Pina Contemporânea, em São Paulo, SP, traz uma reflexão densa sobre dois aspectos da arte contemporânea: a busca das raízes e a maneira de elas serem representadas com potência visual.
Uma pintura que representa essa dualidade é “Fata Morgana nº1” (2022, óleo sobre tela, 150 x 200 cm) em que uma criança preta lança o seu corpo no espaço para mergulhar em uma piscina. Existe ali a manifestação aprimorada de técnica pictórica assim como a capacidade alegórica.
Tem-se um criador visual atirando-se na imensidão do universo, indo de corpo nu e braços abertos para a arte como um lugar em que a liberdade existencial se manifesta. Não se trata apenas de um mero ato expressivo ato de expansão do corpo e da mente, mas de um penetrar em novos universos simbólicos, artísticos e existenciais
Outra obra nessa direção é “Angelus”, (2022, óleo sobre tela, 230 x 280 cm). A ancestralidade se faz presente nos seres que flutuam no espaço da pintura dos dois lados do trabalho e na imagem protetora junto à arvore. Ela apoia a mão sobre o protagonista, como a alertar que mergulhar na ancestralidade é um encontrar a si mesmo.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.