MEPHYSTOFELES – DE ANTA DIOP A HEIDEGGER (INTERPRETAÇÕES & MITOS)

Estas imagens integram uma série de 30 obras (Alogravuras), em tamanhos distintos. Foram realizadas para uma individual, ocorrida em 2022, direcionada a educandos do Ensino Médio. A proposta era a discussão do LAIKÓS, a partir de sabedorias de matriz africanas, lembrando que o termo tem a sua origem etimológica no grego, significando “do povo”, ou seja, está relacionado à vida secular mundana cotidiana, não com o universo religioso ligado a uma Igreja. No sentido mais amplo, o termo está associado à não intervenção da religião em assuntos políticos e culturais vinculados ao Estado que, ao ser laico, defenderia e praticaria o conceito de neutralidade na questão, defendendo a liberdade de manifestação de fé sem haver controle ou imposição de alguma vertente específica.

A série instiga uma reflexão sobre a arte de ver criações visuais. Existe o vermelho da dor, mas também do fluir do sangue da existência, como a busca pela simbólica beleza da transparência e do brilho dos cristais e diamantes.  Há uma procura pelo divino, principalmente para aquilo que parece inexplicável, como a morte, mas também existe o agradecimento por dádivas recebidas em alguma instância.

Essas conversas entre elos verticais (sagrado e profano) e horizontais (pessoas na sociedade) podem ser metaforizadas em jogos de máscaras – representando aquilo que se considera o bem ou o mal, de acordo com a ocasião – utilizadas nas mais diversas dimensões filosóficas e existenciais. A arte, nesse aspecto, tem a capacidade de proporcionar voos nas mais diversas esferas.

Alufa-Licuta Oxoronga – técnica: mista

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.