“Máscaras Venezianas”, da pintora Lídia Leite, é uma colorida manifestação visual que lida com as cores de modo a nos levar a uma reflexão sobre a própria significação das máscaras. No Antigo Egito, por exemplo, eram colocadas no rosto dos mortos para que o espírito, se assim fosse permitido após um julgamento divino, encontrasse o seu corpo embalsamado.
No Carnaval, que ocorre antes da Quaresma, as máscaras eram tradicionalmente usadas para que a pessoa perdesse a sua individualidade cotidiana e se misturasse na festa coletiva. Nesse sentido, a obra da pintora mescla com intensidade elementos da festa da cidade europeia com o frevo pernambucano.
A pintura alude aos trajes do século XVIII, com as célebres “maschera nobile” (“máscaras nobres”) venezianas, originalmente caretas brancas usadas com roupas de seda negra, que depois ganharam mais cores. Na parte inferior do quadro, estão figuras geométricas coloridas que remetem à sombrinha, ornamento que mais caracteriza o passista do frevo.
Dança do século XIX cujo nome provém de uma corruptela do verbo “ferver”, por ter um ritmo acelerado, o frevo, música típica do carnaval de Pernambuco, conquista fãs por todo o país. A relação entre a Veneza europeia e Recife, a “Veneza brasileira”, devido aos seus canais, é assim expressa pela pintora com cores e formas que nos auxiliam a contar e recontar histórias.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.
