Mas, afinal, o que é arte?

Oscar D’Ambrosio – Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

Tanto se fala de arte, mas muitas vezes não se respira um pouco para refletir sobre o que ela significa. De modo geral, pode ser entendida como uma interpretação da vida, entendendo esta como aquilo que consideramos ser real e verdadeiro.

Dessa maneira, a arte se relaciona a diversos outros fatores, como religiosos (esculturas do Egito Antigo ou da Grécia clássica), políticos (stalinismo na URSS), sociais (predomínio da burguesia no Romantismo) e simbólicos (evangelistas associados a animais na decoração das igrejas católicas medievais, por exemplo).

Para um objeto ser artístico, ultrapassa o utilitário, ou seja, o seu uso prático, introduzindo a pessoa em outras esferas, as do prazer. Isso significa que, além de satisfazer um ou mais dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), o espírito (a inteligência), dialoga com o coração (a emoção).

Os estilos artísticos, nesse contexto, estão intimamente relacionados a uma época (tempo), lugar (país ou região), estrutura social, econômica, religiosa e política e à personalidade do artista.

No entanto, além disso, para a análise da obra de arte, podem ser seguidos alguns critérios. Um deles é o assunto, ou seja, aquilo que a obra enfoca. Existe em todas as modalidades artísticas, mesmo na arte abstrata, na qual o assunto é o próprio fazer artística.

Quando se pensa na expressão, o que está em jogo é a maneira de interpretar um assunto. Depende muito da personalidade do criador e se relaciona intrinsecamente ao aspecto da obra e a intenção do artista.

As questões puramente formais são desenvolvidas graças a vários recursos, como proporções (podem ser mais ou menos realistas; contornos (mais ou menos delineados; linhas (traços finos ou amplos; e cores, que podem ser primárias (vermelho, azul e amarelo), secundárias (verde, violeta, laranja) ou neutras (branco, preto, cinza, bege, marrom); e quentes (vermelho, amarelo, laranja) ou frias (verde, azul e violeta). As cores têm ainda tom (brilho ou intensidade) e apresentam valor (claro ou escuro).

A unidade estética pode ainda ser avaliada em função de três critérios: harmonia (repetição de motivos, como figura, direção dos traços e cores predominante; ritmo (repetição regular de um motivo, como traços verticais ou cores em intervalos regulares), e equilíbrio (axial ou simétrico, quando há reprodução dos mesmos motivos, sejam figuras ou cores, em proporções iguais de um lado e de outro de uma linha imaginária) ou assimétrico (formas, dimensões e cores diferentes se organizam sem proporções simétricas).

Com todas essas variáveis em jogo, é bem compreensível vislumbrar as dificuldades de se fazer e de se analisar a arte. Se o artista lida com a distância entre aquilo que o mundo é e o que poderia ser; e entre o que deseja e o que consegue fazer; o público lida com o agradável desafio de, ao conhecer um trabalho, utilizar seus recursos emocionais e racionais para fazer a sua própria leitura.

Vamos tod@s mergulhar nesse processo?

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.