A curadora, galerista e artista Angela de Oliveira, que se movimenta com destacadas exposições internacionais, bem como no Brasil, faz um balanço do segmento neste ano que se finda.
Não consigo dissociar o ano de 2023 do ano de 2022. Porque foram anos que vieram logo após o auge da pandemia do covide. Na verdade 2020 e 2021 foram anos terríveis para quem trabalha com arte, eventos e entretenimentos uma vez que mudou a trajetória de todos. Eles vieram trazendo mudanças e ao mesmo tempo trazendo para todos, adaptações na nossa linha de trabalho sem que de certa forma perdêssemos o nosso propósito. Acredito que entraram muitos fatores nessa nossa caminhada que não existiam antes, ou que não eram tão relevantes, principalmente nesta questão das redes sociais que se tornaram muito mais fortes, nessas novas linguagens na internet, com uma certa busca desenfreada até para se recuperar o tempo perdido.
Então as coisas ficaram muito mais agitadas, muito mais movimentadas. Muitas exposições, muitos artistas, muitos curadores, na verdade dentro disso, muitas pessoas se uniram de forma muito harmônica e bacana. Por outro lado, alguns se desuniram por uma questão de competitividade ou por questões pessoais mal resolvidas. Então eu vejo o ano de 2022 e 2023 como um parâmetro que nos ensinaram como devemos seguir todos os anos à frente, transformando de certa forma o nosso olhar nos trazendo maturidade em relação ao nosso trabalho também. Oportunidade para identificarmos ainda mais nosso autoconhecimento e humildemente para reconhecer nossas falhas e tentar melhorar, evoluir e fazer escolhas assertivas.
Entao acredito que 2024 será um ano muito promissor para todos que fizeram um bom plantio nesses dois anos anteriores. Não acredito que em 2022 e 2023 os resultados tenham sido 100 % positivos para todos, mas acredito que todos tenham se dedicado, plantado e buscado intensamente seus projetos. Acredito ainda que 2024 será o ano do encontro para todos que dedicaram a esse propósito, a arte. Quem não conseguiu entender que hoje o que mais conta é realmente a humanidade, empatia e união gerando força perdeu uma grande oportunidade. Atualmente estou representando artistas em diferentes exposições. Tenho minha galeria, meu QG em Porto Alegre, mas eu faço exposições em vários lugares, inclusive no exterior e assim calculo que hoje eu tenha um relacionamento dinâmico com cerca de 100 artistas. Que aliás são pessoas que tem me ensinado muito e com quem eu tenho tido grandes trocas, emocionais, artística e pessoais, porque não consigo dissociar a arte do ser humano. Não acredito que alguém possa produzir boas obras sendo um ser humano que não tenha aquela “alma” de artista pois acredito que a arte brota da “alma”. Usamos as nossas mãos, o nosso olhar, usamos as ferramentas para nos expressar, mas a arte que produzimos emana da nossa “alma”.