A série do artista visual Martins de Porangaba sobre Macunaíma tem as suas raízes em 1979, quando o pintor viu a encenação da peça, em São Paulo, SP. Posteriormente, leu o livro de Mario de Andrade, viu o filme de Joaquim Pedro de Andrade e mergulhou em um dos principais personagens da literatura brasileira.
Recentemente, vem retomando obras já pintadas, eliminando áreas externas coloridas e as substituindo por setores acinzentados, de modo que se tem a impressão de que o segmento central é uma espécie de colagem sobre um fundo mais uniforme. Dessa maneira, os distintos aspectos destacados da narrativa de Mario ganham um novo olhar.
Em 2025, ano em que se lembra os 80 anos de falecimento de Mario de Andrade, a pesquisa ganha novas significações. As criações de Porangaba sobre Macunaíma funcionam como um jogo de espelhos sucessivos, em que a obra literária, a peça de teatro, a dramaturgia e a pintura constituem um caleidoscópio de possibilidades.
Existe uma compressão do espaço e do tempo em que a percepção e as possibilidades de compreensão das artes geram um diálogo em que os períodos históricos se expandem. Passado, presente e futuro dialogam de modo a se repensar o clássico livro de Mario de Andrade sob novos olhares e perspectivas.
Oscar D’Ambrosio @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.