O cantor Gilberto Gil, um dos maiores ídolos da música popular brasileira, anunciou, dia 29 de junho último, que fará sua despedida dos palcos em 2025. A aposentadoria dos shows ocorrerá após uma série de shows no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Aparentemente, a despedida do cantor baiano de 82 anos deve ser similar à de Milton Nascimento, que deixou os palcos, mas mantém o trabalho com a música.
Gil foi homenageado na obra “Andar com Fé”, da artista visual Livia Passos que parte da música homônima do compositor. Realizada com tinta acrílica sobre uma folha de papel tamanho A4, a obra constitui uma jornada plástica em que se vê em um corpo, da cintura para baixo, de pés descalços, se deslocando da esquerda para direita.
O detalhe do rosário carregado na mão aponta para a presença da fé. O crucifixo acompanha o movimento da perna e, portanto, da própria existência. As pinceladas rápidas e ágeis na parte inferior da imagem apontam exatamente para a dinâmica do andar em quaisquer cenários, sejam mais ou menos favoráveis de acordo com a situação.
Assim como a letra diz “Oh oh/Na luz, na escuridão/Andá com fé eu vou/Que a fé não costuma faiá olêlê”, a imagem transmite a necessidade de caminhar. Seja por áreas mais claras ou mais sombrias da existência, ela se faz no ato dinâmico de prosseguir e de buscar um futuro a ser construído.
Não existe um amanhã pronto a ser conquistado, mas um passo a passo que ergue aquilo que se deseja para si mesmo e para a sociedade como um todo. Nesse aspecto, a imagem de Livia Passos funciona como um estímulo ao próprio andar. Cada um carrega consigo aquilo que julga ter de melhor e de mais importante, pois a fé, seja naquilo que for, ajuda a continuar…
Oscar D’Ambrosio @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.