Era uma noite fria de inverno na zona leste de São Paulo. A lua cheia iluminava fracamente as ruas sinuosas, enquanto morcegos cruzavam o céu em voos silenciosos.
Fredi Jon foi convidado a fazer uma serenata na universidade onde Patricia estudava, no meio de uma aula do professor Roberto. As amigas de Patricia, que estavam por trás do plano, parabenizaram o professor, num agradecimento pelo apoio e incentivo às estudantes em momentos desafiadores. O sucesso da apresentação inspirou outra aluna da turma, que decidiu finalmente acertar seu namoro com um rapaz que morava no extremo leste da cidade.
Depois do sucesso na universidade, Fredi Jon seguiu em direção ao endereço de Francisco. Contudo, a viagem se mostrou mais complicada do que ele esperava. As ruas estreitas e confusas da região o fizeram rodar por horas, enquanto a noite caía e a temperatura também.
Patricia havia mencionado a dificuldade de sua relação com Francisco. Aquela serenata não era apenas um gesto de amor; parecia também um apelo, uma tentativa desesperada de romper alguma barreira invisível.
Finalmente, ao consultar um guia local, Fredi descobriu que o endereço ficava a poucas ruas de onde estava. Sentindo-se aliviado, estacionou o carro, pegou o violão, os bombons e seguiu a pé. O percurso o levou por um longo corredor que terminava nos fundos de uma casa simples. A região tinha um ar silencioso, quase inquietante, como se escondesse segredos.
Ao chegar, Fredi bateu na janela e perguntou por Francisco. Para sua surpresa, o próprio Francisco atendeu, com uma expressão curiosa e desconfiada. Fredi Jon explicou: “Esta é uma serenata encomendada por Patricia. Ela mandou uma mensagem especial e esses bombons para você.”
Francisco permaneceu em silêncio por alguns segundos, como se ponderasse algo muito mais profundo do que a situação sugeria. Então, para o espanto de Fredi, ele recusou a serenata e a mensagem. “Diga a Patricia que não é uma boa ideia,” Fredi insistiu, mencionando os bombons, e, dessa vez, Francisco aceitou. Ele pegou a caixa, agradeceu educadamente e fechou a janela, deixando Fredi com seu violão e uma mistura de frustração e curiosidade.
Enquanto voltava para o carro, Fredi não conseguia afastar a sensação de que havia mais naquela história do que Patricia ou Francisco haviam revelado. Quem era Francisco para recusar uma homenagem tão sincera? Por que ele parecia tão abalado ao ouvir o nome de Patricia? E, sobretudo, por que aceitou os bombons, mesmo rejeitando a serenata? Seriam os bombons um símbolo marcante na relação do casal ou apenas um doce e insignificante lembrança?
Naquela noite gelada, ao dirigir de volta sob o olhar atento da lua, Fredi refletiu que nem todas as jornadas têm respostas claras ou finais felizes. Mas, talvez, o verdadeiro valor esteja em cada passo dado, em cada tentativa de tocar o coração de outro, mesmo quando o gesto parece se perder. Afinal, não é o destino que importa, mas as histórias que colecionamos ao longo do caminho.
Texto Fredi Jon. Outras histórias você encontra no MINUTO Serenata disponível no site: serenataecia.com.br e no YouTube
