Jogos de cores e de formas tornam a obra de Gil Santana uma procura permanente de aperfeiçoamento. Não se trata de buscar um modelo externo, mas de se movimentar internamente para apresentar ao público um resultado que seja significativo e que tenha uma verdade poética.
O sol surge como um importante símbolo da vida e da potência de transformação do ambiente. Fonte de vida; em excesso, pode levar à morte. Ele dialoga ainda com o conjunto da natureza, com a florada, rompendo com visões estereotipadas do sertão como um universo que estaria necessariamente ligado a tragédias.
Essa beleza se fortalece pelo movimento dos beija-flores que, em diversas culturas centro-americanas, por exemplo, são conectadas com simbologias relacionadas à alma. Pelo fato de moverem as asas muito rapidamente e de viverem pouco tempo, são vistos como representantes daquilo que é belo, mas efêmero.
O conjunto traz a síntese da intensidade das cores de céu, da potência do astro-rei, da capacidade de voar pelas asas da imaginação; e da resiliência da natureza de seguir os seus ciclos e de se renovar continuamente. Assim a arte apresenta a sua capacidade de sempre ser, de diversas maneiras, um roteiro autobiográfico-intelectual de cada criador.
Oscar D’Ambrosio (@oscardambrosioinsta)
Pós-doutor e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.