FIT Rio Preto chega ao final reafirmando-se como um dos maiores festivais de artes cênicas do Brasil

O Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto) chegou ao final no último sábado (29/7) reafirmando sua importância ao lançar luz para o que há de mais atual nas artes cênicas contemporâneas e fomentar discussões em torno de temas importantes e urgentes da sociedade.
O FIT Rio Preto é uma realização da Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e Sesc São Paulo. Parceria com o Sesi São Paulo e apoio institucional do Conselho Municipal de Políticas Culturais e Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

FIT em números
O festival, que tem 54 anos de história e 21 anos de edição internacional, mobilizou em dez dias um público de aproximadamente 27 mil pessoas para o exercício da escuta por meio da arte, com espetáculos para crianças, jovens e adultos apresentados em teatros, ruas e outros espaços da cidade.
Foram apresentados ao público 30 espetáculos nacionais, internacionais, para crianças e jovens e de rua, totalizando mais de 50 apresentações, além de 14 formativas, um conjunto de ações que ocupou 17 espaços da cidade. Para a realização do FIT Rio Preto, são necessário sete meses de trabalho e, na reta final e nos dez dias de festival, cerca de 500 pessoas entre artistas e técnicos trabalham diretamente no evento que movimenta a cidade. Mais de 20 instituições e empresas são envolvidas diretamente.

”O FIT faz parte do patrimônio cultural de Rio Preto, um evento que coloca a cidade entre os mais importantes festivais de artes cênicas do Brasil. O festival mobiliza a comunidade e a classe artística local, movimentando diferentes setores da economia e revelando o potencial do segmento criativo para a cidade e para o País”, destacou o prefeito de São José do Rio Preto, Edinho Araújo.

Espetáculo Work txt – Foto: Luiz Aureo

Segundo Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, o FIT Rio Preto “representa a manutenção de um projeto longevo e consolidado de fomento às artes cênicas que reside, entre outros fatores, na renovada capacidade de mobilizar e articular as diversas instâncias da sociedade em torno da sua realização e que, ao ativar as múltiplas redes socioeconômicas e culturais da cidade e em seu entorno, promove a ocupação de espaços públicos e privados com uma programação consistente e contemporânea.”

Reta final
Oito apresentações de sete espetáculos marcaram o último dia do FIT Rio Preto 2023, além de uma atividade formativa. O sábado (29/7) foi marcado pelas últimas apresentações dos espetáculos “Mary Stuart”, com Virginia Cavendish e Ana Cecília Costa; “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”; “work.txt”, do artista inglês Nathan Ellis; “Desvio”, da Muovere Cia. de Dança (Porto Alegre-RS); e “Há uma festa sem começo que não termina com o fim”, do Pavilhão da Magnólia (Fortaleza).
Para o público infantojuvenil, a última atração foi a peça “Histórias do mundão”, do Chegança Atelier Cultural, de Salvador (BA). Também é o tour guiado da experiência multimídia “A Casa de Maria”, do Agrupamento Núcleo 2, que vai ocupar o canteiro da Av. José Munia, na altura do Incor.
Já a ação formativa, que teve início às 14h, na Casa de Cultura Dinorath do Valle, foi o encontro “Lugares de escuta, lugares de acolhimento: transgeneridade na arte e na sociedade”, com a participação de Verónica Valenttino e Leona Jhovs, atrizes do espetáculo “Brenda Lee e o Palácio das Princesas” (Núcleo Experimental, de São Paulo-SP), e de Digg Franco e Amala Malaman, respectivamente presidente e coordenadora da Casa Chama, ONG paulistana que se dedica à construção de espaços e garantia de direitos para pessoas transvestigêneres por meio de ações que visam a emancipação financeira e o prolongamento de suas vidas.
A apresentação que encerrou o festival às 23h30 foi “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”, que lotou o Teatro Municipal Paulo Moura e emocionou o público. Verónica Valenttino, a primeira mulher trans a conquistar o prêmio Shell de melhor atriz, destacou a importância do FIT Rio Preto e a visibilidade que ele traz. “É a maior plateia para a qual já apresentamos esse espetáculo. Esse festival é muito potente e trazer visibilidade à realidade de pessoas trans e a mensagem de Brenda Lee através FIT é muito importante”, pontuou.

A arte da escuta

Reafirmando seu papel como fomentador de discussões em torno de temas urgentes e caros da atualidade, o FIT Rio Preto 2023 destacou, por meio de sua curadoria, o exercício da escuta que é inerente ao teatro e às artes cênicas em geral, tendo como fio condutor um ditado iorubá que diz: “ẹni tí ó gbọ́ lè bọ́ lọ́wọ́ òjò” (aquele que escuta consegue fugir da chuva).
“Escutar, então, significa ouvir com atenção, interpretando e assimilando os sons e ruídos que são captados pela audição. Quando alguém está escutando algo, quer dizer que está consciente e atenta ao que está ouvindo e ao que está acontecendo ao seu redor. Além disso, escutar é compreender e processar a informação que está a ser recebida de forma a se preparar para que a água seja uma aliada”, reflete, em texto sobre o processo de curadoria do FIT Rio Preto 2023, o trio de curadores formado pela dramaturga, diretora, educadora e pesquisadora Fernanda Júlia Onisajé, de Salvador (BA); pelo dramaturgo, diretor e professor Fernando Yamamoto, um dos fundadores do grupo Clowns de Shakespeare, de Natal (RN); e pelo artista e produtor cultural Tommy Della Pietra, consultor de programação na Gerência de Ação Cultural do Sesc São Paulo.
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