Evocação de lembranças

Uma máquina de escrever pode ser, para a maioria, um objeto de museu. Para Pedro Afonso Silva, porém, se torna o começo de uma jornada. Cada imagem em separado, assim como conjunto proposto, apresenta diversidade de angulações e de modelos e, acima de tudo, de reflexões sobre um passado que se faz presente na memória.

Em termos de cor, o uso apenas do preto e vermelho remete a fita dessas máquinas, que podiam levar para o papel letras nessas duas cores. A composição da obra reforça a diversidade de modelos, dando às máquinas um toque humano, pois cada uma é apresentada com uma personalidade, seja na altura, na largura ou na inserção de tons.

Quantos textos passaram pelas máquinas reais? Elas datilografaram desde romances plenos de paixão a documentos burocráticos gélidos. A obra do artista português radicado no Brasil retoma essa jornada, pois a obra como um todo evoca memórias afetivas, já que o objeto desperta relações.

Muito mais do que saber fazer, Pedro Afonso Silva ajuda a pensar. Seu trabalho evoca memórias e lhes dá encantamento. Trata-se de um caminhar pelas lembranças que retoma a máquina de escrever esquecida no museu e a recoloca no campo das emoções, recuperando o papel da arte como evocadora de lembranças e estimuladora de sonhos.

Máquinas de escrever, 2023 – 18 x 18 cm  – @pedro.afonso.visualartist

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador