Está em cartaz em São Paulo, SP, na SP Escola de Teatro (SPET) a peça musical “Para Não Gritar”, da Cia A Flor da Pele. O espetáculo fala dos últimos momentos de Caio Fernando Abreu. O projeto é resultado de uma residência artística é uma iniciativa da área de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SPET.
Na obra, Caio Fernando Abreu retorna ao sobrado onde viveu os últimos anos de sua vida, no bairro Menino Deus em Porto Alegre, após um longo período distante. Mergulhado em lembranças difusas e imprecisas, o escritor contará com a ajuda de suas icônicas personagens, cartas e histórias para entender como chegou até ali, para onde deve ir e, acima de tudo, por que os cães não param de latir lá fora.
A frase “Essa ternura bruta que destrói por excesso inábil de amor”, de Caio Fernando Abreu (1948 – 1996), parece ter sido escrita para o bordado em vestidos objeto proposto por Christina Elias (@christina_elias_art), que trabalha o conceito do avesso, ou seja, aquilo que é oposto ao dianteiro, mas que não por isso tem menos importância, beleza ou potência visual.
O resultado gera um pensar sobre diversidades de temperamento, de caráter e de atitudes perante o mundo, sempre dialéticas. O fato de ela trabalhar uma imagem em um vestido parece aludir a um universo em que formas e comprimentos são variáveis em sua função de cobrir o corpo e, ao mesmo tempo, descobrir comportamentos pelas escolhas feitas.
A utilização do bordado como técnica alude a um criar desenhos e figuras que são, muito mais do que ornamentos, são a apresentação do uso de diversos procedimentos e ferramentas para atingir um resultado que muitas vezes, como aponta o escritor gaúcho, gera interpretações que são o avesso daquilo que a artista pode ter pensando no processo de criação.
Oscar D’Ambrosio @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.