Entre espelhos

A arte pode ser considera uma travessia que leva de algum lugar para outro, embora ambos sejam, de certa maneira, desconhecidos. O trabalho de Giovanna Vilela (@giovannavilela_), nesse contexto, fica empobrecido se colocado dentro de fórmula racionais e científicas que se atenham apenas ao processo performático e pictórico.

A imagem foi apresentada na exposição coletiva Batismo no Ateliê Anna Guerra, em São Paulo, SP.

A evaporação da água sobre a tela é essencial para o resultado almejado, mas o mais importante talvez possa ser pensar a obra da artista como um ritual órfico de iniciação em que as dimensões do tempo e do espaço dialogam em sua materialidade e evocam um autoconhecimento de quem o faz e de quem o vê.

O trabalho da criadora visual se dá em grande parte pela procura de uma linguagem em que, muito mais do que a procura de algo novo, está a se buscar algo significativo, domo dizia o multiartista Darcy Penteado, que “dignifique “a vida como um espaço de originalidade, inteligibilidade e comunicabilidade com o público.

Assim, não se ver no espelho é a melhor maneira de se encontrar, pois o espelho sempre distorce a imagem. Não se encontrar nele significa, de certo modo, que existe um espelho para cada pessoa – e a chave de acesso pode estar na arte, mas também em qualquer outro lugar.

Oscar D’Ambrosio @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.