O mundo moderno vive em um paradoxo fascinante e, ao mesmo tempo, perturbador. Avançamos a passos largos na construção de inteligências artificiais capazes de realizar cálculos complexos em milésimos de segundo, de gerar arte, música, decisões. Criamos algoritmos que aprendem com o comportamento humano, que preveem doenças antes mesmo de sintomas surgirem, e que desafiam o próprio conceito de criatividade. Mas, ainda assim, somos absolutamente dependentes da chuva para ter água. Um fenômeno natural, antigo como a Terra, que nos relembra, sem pedir licença, que não somos deuses, somos parte de um ciclo ecológico que não controlamos.
Vivemos a era da hiperconexão e da informação ilimitada, mas tropeçamos diariamente em tabus que nos aprisionam em ideias medievais. Falamos de liberdade, mas temos medo do corpo, da morte, da loucura, da pobreza. Criamos robôs empáticos, mas ainda somos incapazes de encarar, com real compaixão, o sofrimento do outro. Queremos colonizar Marte, planejar condomínios lunares e extrair minerais de asteroides, mas ignoramos o irmão faminto que dorme ao relento na calçada da esquina. Investimos bilhões em telescópios que enxergam o início do universo, mas passamos cegos pelas feridas abertas da desigualdade aqui, agora, ao alcance das mãos.

Há uma incongruência dolorosa entre o quanto avançamos tecnicamente e o quanto estagnamos moral e emocionalmente. Criamos tecnologias que aproximam continentes, mas não conseguimos dialogar com quem pensa diferente. Fazemos cirurgias com realidade aumentada, mas ainda julgamos amor entre iguais como pecado. Tratamos o planeta como uma base descartável e olhamos para outros mundos como se fossem uma fuga, mas de quem estamos fugindo senão de nós mesmos?
Talvez o maior desafio do mundo moderno não seja o avanço tecnológico, mas o atraso na consciência. Nossa evolução científica é assombrosa, mas ela se move sem necessariamente carregar junto o amadurecimento ético. E sem ética, sem empatia, sem o reconhecimento da dignidade do outro, toda inovação corre o risco de se tornar apenas uma ferramenta de dominação ou distração.
O futuro está sendo construído com silício e redes neurais artificiais, mas a base real da vida continua sendo feita de água, afeto, alimento e sentido. Não basta programar o amanhã, é preciso cuidar do agora. Porque de nada adianta terraformar Marte se não conseguimos humanizar a Terra.
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