O propósito deste livro é mergulhar nas sessões de modelo vivo da Associação Paulista de Belas Artes (APBA). Isso significa penetrar em diversas manifestações visuais, como a singela linha ou as gradações de claro-escuro, essenciais para acentuar sugestões de massas e volumes.
Também há uso de várias técnicas e materiais, assim como representações mais fiéis ao real e mais livres.
O eixo central é a prática artística a partir da figura humana na presença de um modelo nas suas várias formas e posições. As referências históricas dessa ação passam pela Grécia Antiga e pela civilização romana, com uma interrupção na Idade Média e retomada no Renascimento, quando o ser humano se torna o centro do universo.
As sessões tiveram fundamental importância na Academia de São Lucas, Roma, no século XVI, e no sistema académico francês, no século seguinte. Progressivamente foram sendo adotadas manifestações menos rígidas e mais libertárias da imagem real. No entanto, permanece a reflexão sobre a relação do corpo humano consigo mesmo e com o espaço que o cerca.
O conjunto de manifestações visuais da prática do modelo vivo aqui reunidas constitui uma referência de como é possível desenvolver práticas estéticas distintas a partir de um mesmo assunto. O corpo é o espaço em que os 11 artistas aqui reunidos honram a tradição da APBA de lidar com a arte como um universo em que a pesquisa visual é densa e permanente.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.
Texto inserido no livro Modelo vivo: 11 olhares Organização: Eiji Yajima @apba_belasartes
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