O Brasil é uma nação muito jovem se comparada com os povos do velho continente e mesmo da Ásia. São apenas pouco mais de 500 anos para a consolidação de um povo que é fruto da indolência do índio, únicos primitivos da terra, da submissão e discriminação do negro africano, que se constituiu no grande contingente de imigrante escravo e, por fim, da opressão e intolerância do português.
Nossa democracia ainda engatinha e conta com apenas 31 anos, partindo-se do fim do regime militar que perdurou de 1964 a 1985. É bem verdade que antes da ditadura militar tivemos um outro breve período democrático, de 1946 a 1964, também conhecido como República Populista. Getúlio Vargas esteve no poder de 1930 a 1945: como Governo Provisório(1930 – 1934); Governo Constitucional(1934 – 1937) e ditatura de 1937 a 1945. De 1889 a 1930, o país viveu sob o regime da oligarquia e, de 1822 a 1889, imperou a monarquia.
Antes disso e por mais de três séculos, desde o seu descobrimento, era uma simples colônia de Portugal. O país vive hoje(dia 17 de abril), um dos seus momentos mais delicados e preocupantes e as mãos dos nossos deputados, através do voto nominal com direito a aparição no telão e nos principais canais de TVs transmitindo ao vivo, escreverão o próximo passo da nossa história. Esse dia poderá selar o destino de mais de duzentos milhões de brasileiros que vivenciam uma das piores crises já conhecidas na República.
Entre o “não haverá golpe” e o “impeachment já”, repousa a decisão que poderá escrever a história, por linhas tortas e sinuosas ou em direção ao rumo da retomada e da recuperação do tempo perdido. Tudo leva a crer que o impeachment deverá prevalecer e aí renascer as esperanças, mas uma coisa é certa, os problemas não se resolverão num toque de mágica de um dia para o outro.
O processo de recuperação deverá ser lento e gradual e não faltarão medidas contestáveis e discutíveis. Se, contudo, acontecer o contrário, isto é, se a presidenta conseguir se manter no poder, o quadro será muito pior e facilmente explicável. Todo o governo precisa de maioria no congresso para governar e aprovar as medidas que entende melhor para o país. Se a oposição não conseguir os 342 votos necessários, mas conseguir, digamos 330 votos, esses congressistas que compreendem os quase ¾ do parlamento, ainda que não tenham conseguido derrubar a presidenta, seguramente vão continuar na oposição e, com certeza, nenhuma medida proposta pelo governo será aprovada, tornando o país ingovernável e insustentável como um barco à deriva.
E, neste caso, a crise instalada, que já é de uma grandeza tende a se agravar e se aprofundar ainda mais. Pelo bem, pelo mal, o dia de hoje será memorável e histórico. Se as previsões se confirmarem e o afastamento da presidenta se materializar, restarão algumas lições importantes, dentre as quais e talvez a principal é a de que, mentiras e promessas falsas e inexequíveis de campanha, doravante, podem custar a cabeça do governante, ainda que legitimamente eleito. Dos males o menor!