Celebrado dia 20 de julho, o Dia Internacional do Xadrez lembra a data em que foi fundada, em 1924 – portanto, há cem anos –, a Federação Internacional de Xadrez (FIDE). A ideia de comemorar mundialmente a data foi proposta pela UNESCO, o que vem ocorrendo desde 1966.
Dentro das obras de arte que trabalham visualmente a atividade, o Espaço de Arte Kairós, na Vila Darcy Penteado, em São Roque, SP, abriga um tabuleiro gigante criado por artistas do Movimento Teia e convidados. Inicialmente exposto no Centro Brasital, na mesma cidade, em 2024, o jogo consiste em peças customizadas livremente por criadores visuais.
O trabalho foi realizado dentro das celebrações do centenário de nascimento do multiartista Darcy Penteado, que ocorrerá em 2026.Ele colocava em suas obras um quadriculado que significativamente remete ao jogo, sendo uma identidade que evoca as origens do tabuleiro.
Simbolicamente, o jogo, criado na Índia, representa a luta entre os gigantes Asura e os deuses Deva ou, segundo outras versões, entre o rei Wu-yi e o Céu, numa busca permanente pelo domínio total do universo. Trata-se, acima de tudo, de uma prática de estratégia desenvolvida sobre um espaço que se torna um microcosmos do mundo, em uma disputa entre a luz e a sombra, ou o Yang e o Yin, transformados em quadrados pretos e brancos.
Nessa concepção, entende-se o xadrez como metáfora da vida em que dois lados (por que não o consciente e o inconsciente?) lutam pelo espaço mental. É uma leitura possível do jogo que pode ser levada para o tabuleiro, assim como para os quadriculados presentes em boa parte dos trabalhos de Darcy Penteado.
Oscar D’Ambrosio @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.