Crédito: Patrick Arley
Evento vai promover encontro de memórias, celebração e fortalecimento dos laços coletivos
Na véspera do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, a Cia Baobá Minas promove o I Festejo do Prêmio Zumbi de Cultura, evento que exalta a ancestralidade, a memória e a identidade negra. A celebração acontece no dia 20 de março (quinta-feira), às 19h30, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, com entrada franca. Estarão reunidos homenageados, artistas, mestres e coletivos negros para fortalecer laços e reconhecer iniciativas de destaque na cultura, educação e política. O evento celebra, os 15 anos de trajetória do Prêmio Zumbi de Cultura e os 24 anos da Cia Baobá Minas.
A programação conta com apresentações de Adriana Araújo, Cia de Dança Baobá Minas, Fran Januário, Mamour Bah e Bloco Orisamba, além da exibição de vídeos sobre a história do prêmio e seus homenageados. A diretora da Cia Baobá Minas, Júnia Bertolino, idealizou o prêmio para reconhecer e dar visibilidade para pessoas que têm ações de combate ao racismo na cidade ou pessoas que trabalhem com temáticas negras. “O mais importante é que outros coletivos reconheçam essas pessoas, por isto na premiação, as indicações vêm de grupos diversos da cidade”, pontua Bertolino.
O Prêmio agracia as categorias dança, teatro, música, literatura, manifestação cultural, audiovisual e artes visuais e busca fortalecer a oralidade, a memória, a ancestralidade e a identidade negra, com um olhar especial para o conhecimento dos mestres populares e para as tradições de matriz africana. Ao longo de sua trajetória, tornou-se um marco na valorização das expressões culturais que mantêm viva a herança africana no Brasil. O Prêmio Zumbi de Cultura não reconhece apenas pessoas de Belo Horizonte, mas de Minas Gerais e todo o Brasil.
Ao longo de sua trajetória, o Prêmio Zumbi de Cultura já homenageou mais de 200 personalidades, entre artistas, escritores e ativistas, que marcaram a cena cultural e a luta pela igualdade racial. Entre os homenageados destacam-se Djonga, Macaé Evaristo, Ricardo Moura (Zelador da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente), Maurício Tizumba, Isabel Casimiro (Guarda de Treze de Maio) Conceição Evaristo, Sérgio Pererê, Marcos Cardoso, Mãe Efigênia (Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango), Cidinha da Silva e Rui Moreira e muitos outros.
À frente do projeto está Júnia Bertolino, antropóloga pela UFMG, jornalista pela PUC/Minas e arte educadora, que assina a direção geral e artística do festejo. Além disto, ela é fundadora e diretora da Cia Baobá Minas, que realiza o evento e atua na cidade há 24 anos.
Segundo Júnia Bertolino, esse momento é de festejo e reflexão da trajetória do Prêmio Zumbi de Cultura e das diversas atividades da Cia Baobá Minas na cidade. Na programação estão palestras e oficinas em escolas, como apresentações culturais para fortalecer a cultura negra e as Leis 10.639/2008 e 11.645/2013 (obrigatoriedade do ensino da história da África e afro brasileira e indígena nas escolas).
A antropóloga conta que a premiação será um momento de celebração com a cidade e a população, que a abraçou e, por isso, a mesma foi crescendo com novas categorias. “Atualmente estamos com 23 categorias, entre elas, resistência LGBTQIA+, representatividade mirim, atuação política, empreendedorismo negro, mestre de cultura popular e comunicadores negros (as), gastronomia, audiovisual e a categoria Quilombolas,” enumera Júnia Bertolino.
Dona Bela: legado de ancestralidade e resistência
Coroada rainha do congado aos sete anos, Maria Elizabeth Mendes (in memoriam), Dona Bela nasceu em Santa Luzia, em 1903. Foi mãe de 16 filhos, 15 deles adotivos, e dedicou sua vida à luta e à resistência cultural. Como capitã da Guarda de Moçambique São João Batista e praticante do umbandismo, tornou-se uma referência para muitas mulheres, deixando um legado marcado pela fé e pela tradição. “Dona Bela me inspirou a homenageá-la no Grande Teatro do Palácio das Artes, em 2009, quando nasceu o Prêmio Zumbi de Cultura”, conta Júnia Bertolino. “O Festejo é a forma que encontramos para celebrar e reunir personalidades que representam a luta pela igualdade racial, além de artistas que deixam sua marca por onde passam. Mais do que um evento, é um grande encontro de ancestralidades, um momento de reflexão e fortalecimento coletivo”, destaca a diretora da Cia Baobá Minas
O I Festejo do Prêmio Zumbi de Cultura é uma realização da Cia Baobá Minas e SobreTons, patrocinado pelo Ministério Público de Minas Gerais e produção da Notom Produções Artísticas.
Serviço:
Data: 20/03
Local: Grande Teatro Palácio das Artes
Horário: 19h30
Artistas convidados: Adriana Araújo, Cia de Dança Baobá Minas, Fran Januário, Mamour Bah e BlocoOrisamba
Entrada franca. Ingressos devem ser retirados na bilheteria do Grande Teatro Palácio das Artes, a partir das 12 horas no dia do evento.
Programação
● 19h30 – Abertura: Saudação aos ancestrais e exibição de vídeos dos homenageados
● 19h45-Cia de Dança Baobá Minas
● 20h: Mamour Bah
● 20h15: Fran Januário
● 20h30:Bloco Orisamba
● 20h45 : Adriana Araújo
● 21h às 22h: Encerramento com participação de todos artistas no palco
SOBRE OS ARTISTAS
Cia de Dança Baobá Minas
Durante o Festejo, a Cia Baobá Minas apresentará a performance “Saudação à Ancestralidade”, uma homenagem ao feminino e à natureza, referenciando a terra, água, o fogo e o ar, bem como saudando a mãe África, Minas e o Brasil.
A partir de movimentos lentos, ondulados e aspirais a Cia Baobá Minas vem com narrativas negras e escrevivências como nos ensinam a renomada escritora Conceição Evaristo, que vem inspirando o grupo em diversas apresentações artísticas com vários poemas, sobretudo o poema Vozes Mulheres. A performance traz também canto africano e dança guerreira.
A participação no I Festejo do Prêmio Zumbi de Cultura é um momento importante para convidar e reunir todos os homenageados pela Cia Baobá Minas durante os 15 anos de trajetória. “Acima de tudo, este evento é uma reverência àqueles que vieram antes de nós e resistiram contra o sistema escravagista, cujas marcas de violência ainda afetam o povo afrodiaspórico. É um momento de celebração com a cidade, resgatando a memória coletiva e reunindo protagonistas engajados em diversas ações de combate ao racismo e à discriminação. Trata-se de uma ocasião única, onde todos os homenageados se encontram, trocam experiências e compartilham identidade, memória e afeto”, ressalta a fundadora e diretora da Cia Baobá Minas, Júnia Bertolino, também idealizadora da premiação.
O festejo celebra o maior prêmio negro de Minas Gerais, cuja estatueta é cuidadosamente confeccionada pelo artista plástico Jorge dos Anjos.
Mamour Ba
De origem senegalesa, Mamour Ba teve sua formação na tradição oral da cultura africana na tribo Peuls dos Massais. Possui formação acadêmica em Arte pela Universidade de Dakar, além de intercâmbio pela Unesco por diversos países da África e Europa. Músico, compositor, educador e multi-instrumentista, tem uma enorme bagagem musical. Com uma linguagem própria, vem investigando ao longo dos anos os ritmos tradicionais do continente africano. Como percussionista, incorpora influências rítmicas dos ritos tradicionais, jazz, pop, música contemporânea, afro tradicional e eletrônico para narrar a história da música africana, com ênfase na sonoridade senegalesa.
Atualmente, ao lado de seus filhos brasileiros, Cheikh (bateria e percussão) e Djeinaba Kane (teclado e piano), Mamour Ba apresenta um trabalho autoral, cujas composições são inspiradas nos ritos musicais do Sahel, Mauritânia, Mali, Guiné e Senegal. Para esta apresentação no I Festejo Prêmio Zumbi de Cultura, conta com a participação especial do grupo vocal African Vozes, fundado em 2015.
Fran Januário
Fran Januário é uma das grandes vozes da música mineira atual, destacando-se como cantora, compositora, educadora musical e sambista. Idealizadora do Samba da Januário, do coletivo Donas de Si e do quarteto Gira, ela participa ativamente do cenário cultural de Belo Horizonte. Com um timbre vocal único, traz aos palcos uma experiência inovadora, reafirmando seu protagonismo na música brasileira. Através das melodias, o Samba da Januário possibilita a conexão com a ancestralidade, envolvendo o público e criando um vínculo que transcende a barreira palco e platéia.
Orisamba
O OriSamba é um bloco que nasce dentro de um terreiro de umbanda, a Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, na Lagoinha. Sua proposta é preservar os toques, ritmos, cantigas e composições que expressam essa forma de viver, compreender e praticar os costumes das tradições afro-brasileiras. A partir de vivências e relatos, o grupo resgata e ressignifica as diferentes formas de transmissão dos saberes e costumes na atualidade.
O nome OriSamba surge de conceitos fundamentais dentro das casas e terreiros de axé: “Ori” e “Samba”. “Ori” representa nossa essência, a conexão entre corpo e espírito, guiando-nos com respeito ao tempo, à natureza e ao próximo, conforme os ensinamentos tradicionais afro-brasileiros. Já “Samba”, derivado de “Semba”, está ligado ao ato de gerar, à ligação ancestral, ao cordão umbilical que nos conecta à nossa origem – a mulher, matriz e essência da vida.
Adriana Araújo
Nascida na comunidade da Pedreira Prado Lopes, na região da Lagoinha, berço do samba de Belo Horizonte, Adriana Araújo se destaca como uma das grandes vozes do samba mineiro. Dona de uma voz marcante e uma performance única, a cantora conquista a admiração de públicos em todos os espaços por onde passa, tanto no samba quanto entre adeptos de outros segmentos musicais. Suas interpretações para clássicos do samba somaram-se ao repertório autoral com o lançamento de ‘Minha Verdade’ (2021), seu primeiro álbum, que traz faixas assinadas por ela e parceiros. O disco aborda temas marcantes como a ancestralidade, o amor e a negritude, bem como os aprendizados que marcam a trajetória da artista e traduzem sua vivência como mãe, mulher negra e sambista.
Ficha técnica:
Direção geral e artística: Júnia Bertolino
Direção de Produção: NoTom Produções Artísticas (Diretora Regina Moura)
Produção executiva: Dandara Bertolino
Projeção e VJ: Jahi Amani
Gestão de redes e social media: Diego Alves e Verônica Vieira
Assessoria de Imprensa: @infinitacomunicacao