Automação industrial avança no mundo, mas Brasil ainda enfrenta desafios para acompanhar tendência

Foto: Hugo Ferreira, diretor da MPA Automação e Robótica e especialista em desenvolvimento econômico e tecnológico | Crédito: Felipe Borges.

A automação industrial segue em ritmo acelerado, com projeções de que, até 2026, o número de robôs industriais instalados no mundo chegue a 700 mil unidades, segundo o relatório World Robotics 2023. Para este ano, a meta é alcançar 600 mil unidades. O crescimento reflete a busca global por mais eficiência, produtividade e competitividade, impulsionada pela Indústria 4.0 e pela necessidade de maior previsibilidade nos processos produtivos.

Atualmente, cinco países concentram 79% das instalações globais: China, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e Alemanha. Na Europa, segundo maior mercado mundial, o número de robôs cresceu 3% em 2022, totalizando 84.226 unidades, com destaque para a Alemanha, que sozinha instalou 25.636 robôs. Já nas Américas, o avanço foi de 8%, ultrapassando o recorde anterior de 2018. Os Estados Unidos lideram a região, respondendo por 71% das instalações, enquanto México e Canadá também registraram crescimento.

Para Hugo Ferreira, Diretor da MPA Automação e Robótica e especialista em desenvolvimento econômico e tecnológico, a tendência de automação é impulsionada por fatores como a escassez de mão de obra especializada e o avanço da inteligência artificial, que torna os robôs mais acessíveis e adaptáveis. No Brasil, no entanto, a adoção dessas tecnologias ainda encontra desafios. “Embora setores como o automotivo, metalúrgico e alimentício estejam na vanguarda da automação, outras áreas, como a construção civil e a agroindústria, ainda têm baixa penetração de robôs devido a barreiras tecnológicas e estruturais. Além disso, o alto custo dos equipamentos, a burocracia para importação e a falta de cultura de investimento em inovação dificultam a expansão do setor”, explica.

O especialista ressalta que a inteligência artificial tem desempenhado um papel fundamental na evolução dos robôs industriais, permitindo maior eficiência produtiva por meio de aprendizado de máquina, manutenção preditiva e otimização dos processos em tempo real. “Hoje, esses equipamentos são utilizados não apenas na produção em larga escala, mas também em funções como inspeção por visão, transporte interno, soldagem e até manutenção autônoma”, relata.

Para que o Brasil possa acelerar sua adoção da automação industrial, Ferreira destaca a importância de políticas públicas que facilitem o acesso ao crédito, incentivem a capacitação profissional e fomentem parcerias entre empresas, universidades e startups. “Pequenas e médias indústrias, muitas vezes receosas em investir na automação por considerá-la um custo elevado, podem começar por soluções modulares e escaláveis, como robôs colaborativos e sistemas de inspeção automatizada. Com um planejamento estratégico adequado, a automação pode deixar de ser um desafio e se tornar um diferencial competitivo para o país no cenário industrial global”, finaliza.