Ser uma feiticeira é ter a capacidade de realizar ações transformadoras. Em linhas gerais, por meio de sua mente, mãos e energia que entrega ao mundo, cria situações de sedução e de encantamento. O seu fazer não é aquele que se compreende e aplaude rapidamente, mas o que, no início, geralmente não é aceito.
Desse modo, as imagens deste conjunto mostram como as chamadas feiticeiras, magas ou bruxas constituem saberes distintos do convencional. Por isso, foram processadas, invisibilizadas, desqualificadas e queimadas em fogueiras. O conceito de julgamento justo, como se sabe, passa longe de tribunais inquisitoriais e visões preconceituosas.
O projeto de Patricia Amato traz a possibilidade de cada imagem proposta gerar em cada observador um outro olhar para si mesmo e para a sociedade. Isso significa retornar ao passado pelo pensamento para se assenhorar da própria vida, tentando conduzir o próprio destino com assertividade e leveza simultaneamente.
A proposta lança um olhar diferente para o mundo pleno de exemplos concretos vivenciados. Portanto, as “feiticeiras” que a artista homenageia não são heroínas a serem divinizadas, mas pessoas comuns que trilham, como “feiticeiras” que são, caminhos novos ou refazem antigos sob inovadoras perspectivas.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.