Se escrever leva o autor a pensar, pesquisar e relatar fatos que vão além daquilo que a visão alcança, ler é uma tarefa menos reflexiva e elaborativa, embora certas narrativas nos levam a viajar gostosamente pelo mundo da imaginação e da fantasia.
Pena que a salutar prática da leitura está ainda mais em baixa em nosso país, o que nos remete a pensar que o nosso futuro de certa forma está seriamente comprometido pela falta de cultura dos que vão nos suceder.
Das dezesseis famílias que residem num prédio residencial do centro da cidade apenas duas são assinantes de jornal (Estadão, Folha e O Regional) e, apenas três assinam revistas semanais, na verdade as duas que assinam jornal também assinam revistas. Isso dá um percentual de pouco menos de 19%.
Esse é o retrato do nosso país, onde, segundo pesquisas, 44% das pessoas não leem e 30% nunca compraram um livro sequer, tendo o ex-presidente Lula incluído nesta triste estatística.
O brasileiro lê, em média, 4 livros por ano, enquanto os Espanhóis 10,3(o país que mais lê), os nossos irmãos Argentinos 4,6 e os Chilenos 5,4. E, quem não lê, tem dificuldade de escrever. Escrever é uma arte, assim como a leitura é prazerosa. Em nosso país as crianças deveriam ser incentivadas a essas práticas desde o primeiro momento em que são alfabetizadas. Infelizmente poucas são as escolas públicas que o fazem.
Nos tempos da alfabetização pela cartilha “Caminho Suave”, lá pelos de idos da década de cinquenta e sessenta, os alunos tinham que fazer descrição e narração. A diferença é que na descrição a professora exibia, pendurada num cavalete de madeira, uma paisagem ou gravura do tamanho de uma cartolina e os alunos deveriam descrever o que nela continha.
Quem imagina que poderia encontrar descrição igual se enganou, pois cada aluno via na gravura detalhes não percebidos até mesmo pela educadora. No dia seguinte, as melhores descrições eram lidas pelos respectivos autores para toda a classe. Bons tempos aqueles!!! Uns tem facilidade de escrever, outros muita dificuldade, mas não deve ser fácil escrever por obrigação ou profissão. A diferença é que escrever por obrigação você tem que entregar o texto da coluna para o jornal ou revista até determinada hora do dia e sempre abordando um tema diferente do cotidiano.
Nesse time temos os colunistas que tem espaço diário nos jornais. Deve ser muito chato e cansativo, pra não dizer entediante, sobretudo, porque nem todos os dias você tem a inspiração necessária para escrever e nada flui, como é o caso desse texto que nasceu por falta de inspiração.
Escrever por profissão, vai além do colunista e nesse grupo estão os jornalistas encarregados de noticiar os fatos usando das técnicas aprendidas na formação profissional e também na adversidade da vida desde os tempos de foquinha (iniciante em jornalismo). Não que esses profissionais não pesquisam, tendo que se aprofundar na notícia, mas o fato é que nem sempre isso é possível pela velocidade que permeia uma redação de jornal com prazo para concluir a matéria e fechar os cadernos. São os repórteres e redatores que vivem atropelados pela pauta, pressão e prazos a cumprir.
Assim, esse primeiro artigo do ano quer homenagear Carlos Heitor Cony(falecido recentemente) que, além de brilhante escritor, teve uma vida de colunista, por muitas décadas(o que não é fácil!).
É uma homenagem também a todos os jornalistas que, nem sempre reconhecidos, vivem sob pressão e, nem por isso deixam de produzir matérias memoráveis.
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