Arte como existência

A exposição “Objeto Cor-de-Rosa”, de Laura Teixeira (@laura_teixeira), possibilita uma retomada do conceito de Roland Barthes de linguagem poética, pois, para o semiólogo francês, o ato da criação estaria vinculado a um desvio consciente e sistemático da norma, ou seja, daquilo que é esperado. 

Nesse aspecto, o conjunto de obras da artista gera estranhamento, porque não se contenta com aquilo que pode ser considerado estável. Há uma procura pelos desvios da adequação ao socialmente esperado e ao mercado em uma vertente existencialista. A sua arte tem justamente uma musicalidade digna de nota porque se fundamenta em experimentações.

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Rua Fortunato , 64 – Santa Cecília – São Paulo – SP

A sua produção parece estar falando o tempo todo do próprio ato de fazer, o que a coloca em uma corda-bamba entre o enigma, aquilo que tem uma resposta; e o mistério, o que não tem explicação. É nessa dialética que materiais e formas propostas trazem uma mescla de um uivo ancestral visceral com um soluçar discreto de interrogações.

Aplica-se aqui a metáfora da potência do leão e do sacrifício do cordeiro. As obras transitam nesses extremos simultaneamente. Embora minimalistas na aparência, trazem diversas cruciais indagações sobre a própria criação visual que se manifesta com sobriedade em nome de um algo maior: buscar a arte como diálogo com a existência.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.