A comédia de Maurizio Cattelan

A criação de Milena Brichesi com inteligência artificial remete à célebre obra “Comedian” (2019), de Maurizio Cattelan, uma banana presa na parede com fita adesiva. Ela não é vendida em si mesma, pois o tempo naturalmente a destrói. O que é comercializado é seu certificado de autenticidade, com diagramas detalhados e instruções para sua exibição adequada.

Trata-se de um exemplo de arte conceitual em que as ideias dos artistas valem mais do que o objeto em si. A banana e a fita adesiva, neste caso, podem ser substituídas de acordo com a necessidade. São descartáveis e, como ocorreu na feira de arte contemporânea Art Basel de Miami, daquele ano, a fruta foi comida pelo artista David Datuna em uma ação provocativa que foi a sensação da exposição.

A fruta integrava um projeto artístico que atingiu o valor de 120 milhões de dólares. O título do trabalho, significativamente irônico, reforça a eternidade da iniciativa do criador italiano.

Em 2023, um estudante de arte da Universidade Nacional de Seul removeu e comeu a banana que estava na parede do Leeum Museum of Art em Seul. Duas outras edições da peça também foram vendidas na feira. Depois de mastigar a fruta, o aluno colou a casca de volta na parede – e ela foi posteriormente substituída pelo museu por uma banana fresca.

A banana é trocada regularmente a cada dois ou três dias e não está à venda. Cattelan, dessa forma, se consolida por esse tipo de peça satírica que desafia o mercado de arte e provoca debates sobre conceitos artísticos.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.