A obra de @deborahdebrito.art caminha em um jogo entre corpos misteriosos, rostos enigmáticos e fundos indagadores. Trata-se de um caminhar em um universo caracterizado pela ausência de respostas simples às indagações pictóricas propostas. A atmosfera estimula um pensar constante sobre os meandros de ser humano.
Há, nos corpos apresentados, algo que remete à tecnologia. Existem aspectos visuais que retomam representações de robôs e de seres mecânicos caracterizados pelo silêncio e por ações ritmadas, em um progressivo processo de perda da humanidade e de padronização de movimentos.
Os rostos, inexpressivos, observam o público. Invertem uma visão tradicional da pintura em que o protagonismo parece estar com quem está vendo o quadro. São esses personagens inquisidores que se colocam em uma posição de superioridade, como se rejeitassem as perguntas humanas pelo simples fato de serem completos.
Eles não necessitam de nós e, nesse aspecto, os fundos de ambientes indecifráveis reforçam o entendimento da arte como um campo em que qualquer pretensão de trazer respostas soa falsa. O ato de criar é análogo ao de parir um bebê. Ele nasce e conquista o seu lugar no mundo de algum jeito. É isso que a pintura da artista atinge.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.
