A serenata e o binóculo

Carlos, um rapaz muito simpático dono de uma farmácia, certo dia entrou em contato com a trupe da serenata.

Ele dizia estar apaixonado por uma garota, a Julieta, que trabalhava em um despachante que ficava bem próximo da loja dele, o rapaz contou que já havia tentado várias formas de aproximação, mas todas foram frustradas, tudo por conta de sua timidez. Disse que certa vez estava quase conseguindo falar de seus sentimentos, mas foi interrompido por uma tremenda dor de barriga que fez com que ele praticamente saísse correndo para dentro da farmácia, coitada da Julieta, ficou ali parada sem entender nada.

Naquele dia, antes de ir para casa, ela voltou ao local só para perguntar se ele estava bem.

Ai que o moço não sabia mesmo onde enfiar a cara, foi então que decidiu que precisava de ajuda.

Fredi com calma explicou todos os tipos de serenata e ele escolheu uma dupla, com buquê e chuva de pétalas. Assim ficou combinado, no dia seguinte às dez horas da manhã a dupla seguiu para a zona norte de São Paulo, primeiro passaram na farmácia, Carlos estava nervoso, minha gente, parecia que ia dar um troço no rapaz, as mãos suavam, o rosto estava muito vermelho.

A cantora até tentou acalmá-lo, mas só piorou a situação, ele disse que ia ficar na janela do escritório de um amigo que ficava bem em frente do despachante, a dupla deveria ficar de olho, quando ele desse o sinal era pra eles entrarem em cena.

Assim foi feito, nossa dupla ficou de olho na famigerada janela, e de repente surge Carlos munido de um binóculo, isso mesmo minha gente, o cara ia acompanhar tudo com um binóculo na cara, quando viu a cena inusitada, nossa cantora caiu na risada, pior que foi contagiante, nosso seresteiro quando olhou também caiu na gargalhada.

Imaginem a cena, um rapaz de jaleco branco com um par de binóculos preto enorme na cara acenando como um louco, ah gente, eu também iria rir.

Pois bem, alguns segundos depois já recompostos, nossa dupla entrou em cena.

Assim que Julieta apareceu na porta do estabelecimento começou a chuva de pétalas e a cantora lhe entregou o buquê.

Gente, mas como essa menina chorava, misericórdia, uma pequena multidão se formou na rua, as pessoas que passavam nos ônibus assobiavam e aplaudiam.

Quando a última música terminou ouviu se um grito:

-Julieta, quer namorar comigo.

A garota levantou os olhos até o prédio e reconheceu o dono da voz imediatamente e respondeu:

-Simmmmm.

É gente, e não é que deu certo!!!

Texto Fernanda Morena. Outras histórias você encontra no MINUTO Serenata disponível no site: serenataecia.com.br e no YouTube.