O artista e escritor inglês Grayson Perry (1960) apresenta em seus trabalhos um questionamento sobre toda a mecânica que envolve conceitos do universo da criação artística e do mercado de arte. “The Rosetta Vase” (2011), título que cita a Pedra de Rosetta, crucial para a compreensão dos hieróglifos egípcios, é o principal exemplo.
Seu vaso de cerâmica de 78,5 cm de altura e 35 kg, com desenhos pintados em azul sobre fundo amarelo, utiliza uma linguagem geralmente associada ao belo e ao comportado para gerar provocações. As imagens incluem, por exemplo, uma árvore com a inscrição “Story of the World”’, brincando com a série de rádio da BBC “A History of the World in 100 Objects”.
O título do vaso ironiza a Pedra de Roseta original, indicando que o vaso pode estabelecer um marco para uma nova visão do sistema de arte. Há ainda na obra o diagrama de um corpo humano, inspirado em um tratado islâmico medieval. Acima dele, Perry escreve jocosamente “O Artista” e, em suas entranhas, coloca palavras como “Celebridade” e “Vaidade”.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador