Alemanha teme que pior da pandemia ainda não tenha passado

País vive seu dias mais letais desde a chegada do coronavírus. Após controlar com relativo sucesso a primeira onda, enfrenta dificuldades de controlar propagação da doença.

Na Alemanha, o pior da pandemia parece ainda não ter passado. E o país, que nestes dias experimenta recordes de mortes e casos de covid-19, espera que as próximas semanas sejam ainda mais difíceis.

O alerta foi feito nesta quinta-feira (10/12) pelo Instituto Robert Koch (RKI), a agência de controle e prevenção de doenças do governo, e chega um dia depois de um apelo emocionado da chanceler federal Angela Merkel aos cidadãos.

“A situação é muito séria ainda e se deteriorou nas últimas semanas. Atualmente, estamos vendo uma alta nas infecções”, afirmou Lothar Wieler, chefe do RKI.

Na quarta-feira, a Alemanha teve seu dia mais letal desde o início da pandemia, com 590 mortes em 24 horas. Nesta quinta-feira, a cifra foi de 440, e o número de novas infecções alcançou um novo recorde: 23.679 registradas em 24 horas.    

Reduzir contato em pelo menos 60%

Segundo Wieler, o contato entre pessoas precisará ser cortado em pelo menos 60%, a fim de diminuir as infecções. Ele desaconselhou viagens de Natal. “Se as pessoas não conseguirem alcançar esta redução por conta própria, outras medidas terão que ser consideradas”, disse ele. “Se elas não tiverem sucesso, não vejo outra opção.”

O principal centro de controle de doenças do país diz que o atual aumento das infecções é preocupante. Os estados mais atingidos estão no leste do país – Turíngia, Brandenburgo e Saxônia-Anhalt.

A maior economia da Europa, que conseguiu controlar com relativo sucesso a primeira onda da pandemia, está em lockdown parcial há quase seis semanas. Bares e restaurantes estão fechados, mas lojas e escolas continuam abertas.

Apelo de Merkel

Na quarta-feira, Merkel, conhecida pela frieza e pragmatismo com que trata os assuntos de governo, fez um raro apelo emocionado aos cidadãos e declarou apoio a medidas mais duras de confinamento. O número de mortes, afirmou, é inaceitável. “Faríamos bem se levassem a sério o que os cientistas dizem”, comentou Merkel.

Mas o sistema federal na Alemanha é altamente descentralizado e concede a maioria desses poderes, como a determinação de um lockdown, a seus 16 governos estaduais. Isso significa que o endurecimento ou afrouxamento de tais restrições é feito a um ritmo muito mais lento do que em outros países europeus.

Pesquisas mostram que a maioria dos alemães apoia as medidas de distanciamento e a obrigação no uso de máscaras, embora um pequeno, mas barulhento grupo, conhecido como Querdenken, tenha organizado protestos contra elas.

Na quarta-feira, funcionários da inteligência no estado de Baden-Württemberg, no sudoeste do país, disseram que estão colocando o grupo oficialmente sob observação.

RPR/dpa/ots

Fonte: dw.com