Nesses últimos anos ocupando o honroso espaço destinado aos artigos de colaboradores desse prestigiado e respeitado jornal, nunca o fizemos para abordar temas políticos ou mesmo relatar episódios envolvendo personalidades do governo ou do poder legislativo.
Sempre preferimos narrar fatos, muitos deles tatuados na memória e gravados nas paredes do tempo e, por vezes destacar pessoas da nossa cidade ou que, de certa forma, com elas tiveram relação ou importância. Sem embargo de continuar perseguindo esses temas, posto que inesgotáveis, como cidadão, não poderia deixar de manifestar indignação diante do quadro preocupante, negro e inédito na história da nossa República, onde se vivencia uma crise em dose tripla, jamais vista: política, falta de credibilidade e econômica.
Em Rotary, Lions e Maçonaria, é comum ex-presidente voluntariamente voltar a ocupar outros cargos, mas ex-presidente da República retornar ao poder como ministro é um fato inusitado nos países democráticos. E isso só acontece por causa da prerrogativa de função ou foro privilegiado, que assegura o julgamento do Presidente da República, Vice-Presidente, membros do Congresso Nacional, Ministros e Procurador-Geral da República, somente pelo Supremo Tribunal Federal.
Não obstante o entendimento de inúmeros jurisconsultos abominando a nomeação por considerar um atentado à justiça e clara tentativa de blindar o ex-presidente do risco de ser preso e ser julgado pelo juiz Sérgio Moro, o fato é que a presidenta Dilma, por acobertar um acusado, está também cometendo o crime de obstrução à justiça, sem dizer que está administrando o país como se fosse um boteco de esquina(nada contra!) ou mesmo a casa da Maria Joana(rainha de Nápoles e condessa de Provença, que viveu entre 1326 e 1382).
Assiste-se hoje uma afronta aos princípios mais elementares da moralidade, legalidade e interesse público, dentre outros, perpetrando-se no país a mentira, a falácia e, ainda, subjugando a nossa capacidade de raciocínio e discernimento.
José Sócrates, ex primeiro ministro de Portugal, amigo pessoal do ex-presidente Lula, da mesma laia, está preso, acusado de praticar corrupção de 2013 até novembro de 2014, no âmbito da operação “Marquês”, atuando como consultor para a América Latina da Octapharma, uma empresa suíça que é uma das maiores produtoras de hemoderivados do mundo, o mesmo ocorrendo com Ehud Olmert, com 70 anos, ex primeiro ministro de Israel que, também preso, está cumprindo pena de 19 meses, por ato de corrupção quando era prefeito de Israel de 1993 e 2003 e obstrução à justiça.
Em qualquer democracia, atos de improbidade, corrupção, lavagem de dinheiro, obstrução à justiça, dentre outros, levam governantes à cadeia e, é assim que deve ser mesmo.
No Brasil, se considerado culpado e preso for, o ex-presidente será o primeiro, mas não o único na América Latina, que conta com Alberto Fujimori, de 75 anos, presidente do Peru de 1990 a 2000, que cumpre pena de 25 anos de prisão desde 2009, pelos massacres de Barrios Altos e La Cantuta, cometidos pelo grupo paramilitar Colina, além do sequestro de um jornalista e um empresário.
Além de protestar contra essa absurda nomeação e posse a toque de caixa, a justiça tem que dar a resposta que o povo está pedindo nas ruas e alijar do governo a presidenta, nessa altura totalmente desmoralizada e desacreditada, levando consigo todos os responsáveis pela ingovernabilidade e deterioração do país e, principalmente o seu protetor e ao mesmo tempo apaniguado, o ex-presidente Lula.
A indignidade só não é maior porque, felizmente, o judiciário continua incólume e inatacável, como no julgamento do mensalão e mais recentemente nas decisões dos envolvidos na operação “Lava Jato”, cuja rapidez e eficiência nunca vista antes, está punindo exemplarmente e mantendo presos altos figurões, não importa o nome ou status dos réus, porque o processo não tem rosto e a justiça tem que ser tão cega quanto fiel à aplicação das leis.
P.S. Enquete que contou com setenta mil pessoas, realizada na última segunda feira, durante a exibição do programa “Roda Viva” da TV Cultura, cujo entrevistado era o advogado Modesto Carvalhosa, revelou que 97% votaram pela saída da presidenta. Esse percentual não deve ser muito diferente do que vem da rua. Xô presidenta Dilma!!!
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