O relatório intitulado Greenlight Disability Report, da Inevitable Foundation, divulgado 17 de julho último, ao entrevistar mais de mil pessoas sobre o estado atual da deficiência e da representação da saúde mental, apontou que 66% do público está “insatisfeito com as representações atuais da deficiência e da saúde mental no cinema e televisão”.
Observou também que 40% do público, com e sem deficiência, declarou que “muito provavelmente” recomenda um filme ou programa de televisão a amigos e familiares se este apresentar representações autênticas de deficiência ou problemas de saúde mental.
A questão da inclusão pode ser vista de diversas maneiras. O filme italiano “Il colore nascosto delle cose”, algo como “A cor oculta das coisas”, traduzido no Brasil como “Emma”, por exemplo, traz a atriz Valeria Golino papel de uma cega, osteopata (profissional que utiliza técnicas de mobilização e manipulação articular para tratar de doenças), que desperta a paixão de um publicitário sedutor.
O diretor Silvio Soldini conduz com dinamismo esse encontro entre opostos. São dois mundos que se cruzam e se separam continuamente. Ele vive em um ritmo frenético, dependente do celular e com duas mulheres que o satisfazem (uma sexualmente e a outra quase como uma esposa), mas sem encontrar um sentido para nenhuma atividade, seja na cama ou no trabalho.
Ela, regida pelo sentido do toque e dos aromas, conquista em cada movimento a sua independência, seja no aspecto profissional ou o pessoal. Para completar a sua jornada dá aulas de francês para uma moça igualmente cega, mas que sequer usa a bengala branca com medo do preconceito e de se expor.
Dessa forma, diferentes nuanças do que significa ser uma pessoa com deficiência são tratadas. O filme procura evitar maniqueísmos ou simplificações, não trabalhando com heróis ou vilões, mas com pessoas imersas em suas deficiências e contradições. Cada um busca sobreviver da melhor maneira possível numa sociedade em que todo aquele que é diferente encontra muita dificuldade para conquistar seu espaço.
Oscar D’Ambrosio @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.